Descrição de chapéu forças armadas

Militar da Marinha é preso após xingar skatista no Ibirapuera

Suspeito negou à polícia ter falado 'preto de merda' e foi liberado após audiência; caso foi registrado como injúria racial

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São Paulo

O professor de skate e surfe Jagner Macêdo Santos, 33, foi xingado de "preto de merda" enquanto frequentava o parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, na tarde de sexta-feira (2). O autor das ofensas, que foram gravadas, foi identificado como o capitão-tenente da Marinha Joanesson Stahlschmidt, 36.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o militar foi preso em flagrante por suspeita de injúria racial. Em depoimento à Polícia Civil, ele negou que tenha dito a ofensa. A Folha não localizou o suspeito nem a sua defesa. A Marinha diz que o oficial foi solto após audiência de custódia e que o caso é investigado na Justiça comum, "a qual irá apurar as circunstâncias do fato".

Procurado, o Tribunal de Justiça informou que o processo tramita sob sigilo.

Capitão-tenente da Marinha Joanesson Stahlschmidt, 36, se explica para seguranças do parque Ibirapuera
Militar da Marinha Joanesson Stahlschmidt, 36, que foi preso em flagrante por suspeita de injúria racial após chamar o professor de skate Jagner Macêdo Santos de 'preto de merda'; ele nega e diz ter sido agredido - @jagnermacedo no Instagram

O professor Santos contou que, naquele dia, após encerrar suas aulas, resolveu andar de skate em uma ladeira no parque. Foi quando o militar, que estava sem uniforme, passou com sua bicicleta pelo local.

O professor diz ter alertado o ciclista de que aquele ponto era exclusivo para skatistas. "Eu falei: 'Irmão, não tem saída, não adianta descer'" conta. Segundo Santos, o militar teria ido até a sua direção e perguntado se ele sabia com quem estava falando.

"Começou uma discussão entre eu, ele e o pessoal que estava andando de skate. Nesse empurra-empurra me chamou de bosta algumas vezes", relata Santos.

Um vídeo gravado por uma testemunha o momento em que o militar sobe em sua bicicleta e passa pelo professor. A frase "preto de merda" é ouvida ao menos duas vezes.

Segundo Santos, após os xingamentos, algumas pessoas que estavam no local passaram a agredir Stahlschmidt.

O professor contou que pediu para que as testemunhas dos xingamentos não batessem no militar. "Eu estava bem nervoso, falando alto, mas em momento algum eu fui agressivo com ele", diz.

Um outro vídeo mostra o momento em que seguranças do parque chegam. Stahlschmidt nega para eles que tenha feito o xingamento.

Na delegacia, o militar contou ter sido agredido verbalmente por skatistas e ouviu que, "se fosse descer aquela rua, ele iria se ferrar". Ele acrescentou ter ouvido alguém dizer que "no final da rua deveria ter um abismo para ele cair e morrer". Stahlschmidt negou ter dito "preto de merda" para Santos.

Em seu depoimento, ele também afirmou ter recebido um soco no rosto.

Em nota, a Marinha do Brasil, por meio do Comando do 8º Distrito Naval, informa que tomou conhecimento sobre uma ocorrência policial envolvendo um militar da Força no bairro do Ibirapuera. "A ocorrência é objeto de inquérito policial no âmbito da Justiça comum, a qual irá apurar as circunstâncias do fato."

A Marinha afirmou que não corrobora com o ocorrido e reitera seu firme repúdio a quaisquer atos de intolerância, prezando para que os preceitos da conduta ético-militar sejam mantidos por seus integrantes dentro e fora de suas organizações.

Após audiência de custódia, segundo a Marinha, o militar retornou para sua base, localizada no Rio de Janeiro.

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