Descrição de chapéu Obituário Beatriz Mendes Gonçalves Pimenta Camargo (1932 - 2022)

Mortes: Foi a primeira mulher a presidir o Masp

No Masp, ajudou a promover importantes exposições e colaborou para o empréstimo de obras a exposições realizadas na França sobre Delacroix e Cézanne

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São Paulo

Nas relações humanas, a paulistana Beatriz Mendes Gonçalves Pimenta Camargo transformou a simpatia e o carisma em uma arte tão preciosa quanto a que fez parte da sua trajetória. Era olho no olho e a alegria presente num sorriso que não saía dos lábios.

É deste olhar que o tradutor Luiz Roberto Mendes Gonçalves, o sobrinho mais velho, se lembra. Apesar da vida social intensa, os momentos em família nas reuniões em sua casa foram muitos. Os amigos, quase sempre presentes, também eram de longa data.

Empresária e colecionadora de arte, Beatriz foi a primeira mulher a presidir o Masp (Museu de Arte de São Paulo), entre 2013 e 2015. Ela ocupava o cargo de associada vitalícia desde 1997 e presidente de honra desde 2016.

Beatriz Mendes Gonçalves Pimenta Camargo (1932-2022)
Beatriz Mendes Gonçalves Pimenta Camargo (1932-2022) - Leticia Moreira - 05.mar.2013/Folhapress

Lá ajudou a promover importantes exposições —Monet, Michelangelo, Salvador Dalí, Portinari, Botero e outras. Colaborou para o empréstimo de obras do Masp a exposições realizadas na França sobre Delacroix e Cézanne, organizadas pela Réunion des Musées Nationaux.

Beatriz também passou por outros espaços culturais. Foi diretora da Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, membro do Conselho de Administração da Fundação Bienal de São Paulo, diretora e membro do Conselho Consultivo da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, conselheira do Museu do Oratório de Ouro Preto (MG) e membro do Conselho Internacional do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

Segundo Luiz Roberto, Beatriz se formou em turismo e comunicação pela Faculdade de Turismo Morumbi, em 1979. Na década de 1950, conheceu Mario Pimenta Camargo, mineiro de Uberaba que estava em São Paulo para estudar direito. Os dois namoraram e casaram. Assim como Beatriz, Mario era agregador, divertido e comunicativo.

Ao lado do marido, dedicou-se a preservar a cultura brasileira. Colecionou móveis, pratas, louças, livros, documentos e objetos ligados à civilização e história do Brasil. "Eles trouxeram para nosso país —e evitaram que daqui saísse— farta documentação bibliográfica e iconográfica relativa ao domínio holandês no Nordeste", afirma Luiz Roberto.

De acordo com o sobrinho, além das primeiras edições da maioria dos livros publicados na Europa sobre esses assuntos, o casal coletou inúmeros quadros de Frans Post. Alguns estão em coleção particular e outros na Fundação Maria Luiza e Oscar Americano —obras de Gillis Peeters, Bonaventura Peeters e Albert Eckhout, e uma série completa de tapeçarias "Nouvelles Indes", com motivos brasileiros.

Beatriz Pimenta Camargo morreu dia 30 de setembro, aos 90 anos, de causas naturais. Viúva, deixa os filhos José Alvaro, Maria Beatriz, Maria Elisa e Maria Isabel, a nora, Ana Carolina de Assumpção Benhayon, os genros, Luis Henrique Americano Araújo e Edmond Lati, além de 14 netos, quatro bisnetos e sobrinhos, para os quais foi uma segunda mãe.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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