Nas crônicas e histórias de Sérgio da Costa Franco, a capital gaúcha era o cenário principal.
"As histórias que começavam com ‘ouvi dizer que’ não interessavam. Sérgio gostava das fontes primárias e mergulhava nos artigos para colher informação precisa e original" diz o escritor Miguel da Costa Franco, 64, um dos filhos.
Curioso pela terra e pelo povo, da sua criatividade nasceram mais de 5.000 crônicas. Por meio de texto primoroso, mostrou a vida em Porto Alegre e seus moradores.
A sua cidade preferida ocupa as páginas do livro "Porto Alegre – Guia Histórico", um registro da evolução dos bairros, das ruas e de figuras ilustres. A quinta e última edição saiu em 2018. O estado e o interior também foram contemplados em sua obra.
Ao todo, publicou 29 livros, entre crônicas, biografias, ensaios e pesquisa histórica. Até a sua morte, no dia 13 deste mês, era conhecido como o maior pesquisador ativo sobre a história da região.
"Os Viajantes Olham Porto Alegre" lhe rendeu o primeiro Troféu Açorianos (2005), promovido pela Secretaria Municipal de Cultura —a segunda vez que ganhou o troféu foi em 2018, pelo conjunto da obra.
O livro de crônicas "Quarta Página" (1975) venceu o prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras. Entre prêmios, títulos, homenagens e medalhas, somou mais de 20.
Também foi cronista e editorialista dos jornais Correio do Povo e Zero Hora, além de fazer contribuições esporádicas em periódicos do interior gaúcho.
Nascido em Jaguarão (RS), onde viveu até os seis anos de idade, Sérgio passou a maior parte de sua vida na capital gaúcha.
Estudou geografia e história na UFRG (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e, em seguida, cursou direito na mesma instituição.
Como professor, atuou no ensino médio em Porto Alegre e em escolas técnicas de comércio em Cruz Alta, Encantado e Erechim.
Após passagens por IBGE e Banco do Brasil, fez carreira no Ministério Público do Rio Grande do Sul. Foi promotor de Justiça e, depois, promovido a Procurador de Justiça em 1976. Aposentou-se no ano seguinte.
Sérgio foi membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico do RS —presidiu a instituição de 1996 a 1998— e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Até o fim da vida, ele valorizou o conhecimento e preocupou-se em aprender. De hábitos modestos, gostava de caminhar todos os dias, transitar pela cidade, frequentar as rodas de amigos e ir às praias do litoral gaúcho no verão. Era torcedor fervoroso do Grêmio.
Simples, honesto e dedicado à família, praticou a generosidade por onde passou.
Ele morreu aos 94 anos, em decorrência de Covid-19 e insuficiência cardíaca. Viúvo desde 2017, deixou cinco filhos, 11 netos e três bisnetos.
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