Polícia investiga se PCC ofereceu recompensa por ataque a PMs em São Paulo

Suspeito preso diz ter recebido oferta de R$ 5.000 para roubar as armas dos policiais; agentes continuam internados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo investiga se a facção criminosa PCC ofereceu uma recompensa de R$ 5.000 para quem atacasse dois policiais militares que faziam a segurança de um local de votação na Cidade Dutra, zona sul da capital, na tarde de domingo (2).

Uma das vítimas é uma soldado de 35 anos, atingida no abdômen, e, a outra, é um soldado de 32 anos, atingindo na cabeça e ombro. Os dois continuavam internados nesta segunda (3) no Hospital das Clínicas. O quadro de saúde deles era considerado estável, segundo o hospital.

De acordo com policiais ouvidos pela Folha, a versão de oferta em dinheiro foi mencionada pelo principal suspeito, Breno Ferreira de Oliveira, 21, apelidado de Chefinho. Ele foi preso momentos após o ataque por equipes do PM Vítima, grupo especial de investigação da Corregedoria da PM.

Área isolada em frente à Escola Estadual Deputado Aurélio Campos, em Cidade Dutra, zona sul de São Paulo
Área isolada em frente à Escola Estadual Deputado Aurélio Campos, em Cidade Dutra, zona sul de São Paulo - - Paulo Eduardo Dias - 2.out.22/Folhapress

A reportagem não localizou a defesa de Oliveira. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), ele foi indiciado pela tentativa de homicídio.

O suspeito foi localizado em uma região de mata próxima à escola Estadual Deputado Aurélio Campos. Os PMs dizem que conseguiram encontrá-lo porque ele deixou um rastro de sangue enquanto fugia devido a um ferimento que sofreu na mão em troca de tiros com a policial atacada.

Segundo os policiais, ao ser localizado, Oliveira atirou contra os agentes, houve novo confronto, e ele acabou detido. Na mata, estava escondido com ele um adolescente que teria admitido envolvimento com o tráfico local, mas negado participação no ataque à dupla na escola.

Oliveira teria confessado o crime aos PMs que o prenderam e, também, aos policiais civis que registram o flagrante. Teria dito que não é integrante do PCC, mas simpatizante da facção, um "companheiro", nas palavras dele, conforme depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Ainda segundo os policiais, o suspeito afirmou que a oferta de recompensa foi feita pelo chefe do tráfico. Seriam R$ 5.000 para quem participasse do ataque aos PMs que faziam a segurança na escola próxima à favela. A missão era roubar as armas dos policiais.

Seriam R$ 5.000 a cada um dos integrantes da missão: Oliveira e outro comparsa, cujo nome não foi relevado. Os alvos teriam sido escolhidos aleatoriamente e nada havia em específico contra as vítimas. O atirador disse não saber o motivo do chefe ter determinado o ataque.

Uma das suspeitas da polícia era uma possível ação devido aos 30 anos do Massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de novembro de 1992, quando 111 presos acabaram mortos em uma ação da PM. Horas após o ataque na zona sul, a cúpula da corporação enviou mensagem à tropa dizendo que o caso era isolado e outros relatos que circulavam não eram verdadeiros.

O criminoso que ordenou o ataque, morador da zona leste, já foi identificado e é procurado pela polícia. Ele estaria com a arma do PM.

A dupla de policiais militares estava como responsável pela segurança dos eleitores. No momento do ataque, eles estavam em frente a um dos portões da escola, localizado na rua Olímpio de Oliveira Chalegre.

Há várias versões de como os criminosos chegaram ao local. A principal delas é a de que ambos chegaram andando –pela proximidade com a favela. Já o boletim de ocorrência cita que ambos foram ao local em uma motocicleta preta.

Após os tiros, o policial militar caiu na calçada. Já a policial feminina, mesmo baleada, conseguiu entrar na escola. Antes, porém, ela chegou a atirar na direção dos criminosos, ferindo a mão Oliveira.

Com a fuga da PM para dentro da escola, os criminosos aproveitaram para tirar a arma do PM caído. Ele estava com uma pistola calibre .40.

Com os tiros, houve correria entre os eleitores que já estavam dentro do colégio. Não há informações se mais pessoas se feriram. No local do crime, a perícia encontrou estojos de munição 9 mm, calibre da arma que teria sido utilizada pelo suspeito que continua foragido.

Foram encontradas seis marcas de disparos nas costas do colete que o PM usava.

Em seu depoimento, Oliveira confessou, segundo a polícia, ter descarregado um revólver calibre 38 contra o PM, no momento em que o policial estava caído de bruços. A arma, porém, teria sido levada pelo criminoso que fugiu.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.