Aulas são suspensas em escolas atacadas por adolescente armado em Aracruz (ES)

Colégio público, que teve três professoras mortas, ficará fechado ao menos até sexta (2); já no particular, até quarta (30), mesmo período que toda a rede municipal

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São Paulo

As aulas na escola estadual Primo Betti, um dos dois colégios de Aracruz (ES) alvos de ataques de um adolescente armado na sexta-feira (25), ficarão suspensas ao menos até a próxima sexta-feira (2).

Quatro pessoas morreram nos ataques, sendo três professoras e uma aluna. Outras sete vítimas continuam internadas em quatro hospitais. Duas docentes e dois estudantes estão em estado grave.

Carro funerário em frente à escola estadual Primo Bitti, em Aracruz (ES), onde três professoras foram mortas por um adolescente armado na sexta (25); colégio ficará sem aulas ao menos até o próximo dia 2 de dezembro - Kadija Fernandes/AFP

A suspensão das aulas foi anunciada em nota pela Secretaria Estadual da Educação do Espírito Santo.

Segundo a pasta, a equipe pedagógica da secretaria está avaliando como será o encerramento das atividades do ano letivo na escola e que em breve irá divulgar um novo cronograma. As férias escolares no estado começam no próximo dia 15 de dezembro.

"Neste momento de grande tristeza e consternação para todos, nossa prioridade é o acolhimento e o apoio à comunidade escolar", diz a secretaria, em nota.

Três professoras da escola Primo Betti foram mortas por causa dos disparos efetuados pelo adolescente de 16 anos.

No dia do ataque morreram Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e Maria da Penha Pereira, 48. E, neste sábado (26), Flávia Amboss Merçon Leonardo, 36, que havia passado por cirurgia e estava internada em estado gravíssimo no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neve, em Serra (ES).

A outra morte é a de Selena Sagrillo Zuccolotto, 12, que estava na segunda escola atingida, o Centro Educacional Praia de Coqueiral, que é particular.

As aulas no colégio particular também estão suspensas e só devem voltar na quarta (30). Por telefone, uma funcionária disse que os pais estão sendo informados sobre a suspensão por email.

As atividades continuarão normais nas demais escolas estaduais da cidade nesta semana, mas não nas municipais. Neste domingo (27), a Prefeitura de Aracruz anunciou que as aulas da rede municipal serão suspensas até a próxima quarta-feira por causa dos ataques.

Segundo a prefeitura, equipes de três secretarias —Educação, Saúde e Desenvolvimento Social e Trabalho estão reunidas para discutir estratégias de acolhimento aos estudantes e profissionais que atuam nas escolas.

Foi decretado luto oficial no município de 104 mil habitantes até este domingo.

Também foi iniciada uma campanha de doação de sangue em Aracruz, em nome das vítimas nos ataques às escolas.

Sete pessoas estão internadas em hospitais do município, de Serra (a 60 km de Aracruz) e na capital Vitória (a 86 km).

Segundo boletim divulgado na manhã deste domingo pela Secretaria da Saúde do Espírito Santo, duas mulheres, de 45 e 52 anos, que tiveram de ser operadas, estão internadas em estado grave na UTI do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neve, em Serra (ES). Elas são professoras.

De acordo com o boletim médico, também estão em estado grave um menino de 11 anos, que passou por cirurgia, e uma adolescente de 14 anos, que também precisou de procedimento cirúrgico e está intubada. Os dois estudantes estão no Hospital Estadual Nossa Senhora da Glória, em Vitória. Ambos são estudantes.

Uma quinta pessoa ferida, uma professora de 58 anos, está internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas, na capital Vitória. Ela passou por cirurgia e seu estado era considerado estável, segundo a Secretaria da Saúde.

Duas mulheres, de 37 e 40 anos, estão internadas na enfermaria do Hospital e Maternidade São Camilo, em Aracruz. Segundo boletim divulgado na tarde de sábado, elas estão na enfermaria com quadro estável.

As outras três mortes nos ataques a tiros em duas escolas, uma pública e uma particular, foram na sexta.

Um ex-aluno de 16 anos, transferido em junho da escola estadual e filho de policial militar, foi apreendido como suspeito de cometer o crime. Materiais com a suástica, símbolo nazista, foram recolhidos em sua casa.

A ação começou pela escola pública, onde duas pessoas morreram e outras nove foram atingidas por disparos, de acordo com o secretário da Segurança Pública e da Defesa Social do Espírito Santo, Marcio Celante. O atirador entrou no local por volta das 9h, após arrombar um cadeado.

Depois do ataque inicial, ele se deslocou de carro para o Centro Educacional Praia de Coqueiral e fica a cerca de um quilômetro de distância. No local, o adolescente fez mais três vítimas, todas estudantes. Uma delas morreu, a menina Selena Sagrillo Zuccolotto.

O suspeito de cometer o crime foi apreendido por volta das 15h30 de sexta, na própria cidade. Ele foi levado ao Iases (Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo), em Cariacica, na região metropolitana de Vitória.

A família disse em depoimento à polícia que o adolescente fazia tratamento psicológico, porém a investigação não tem certeza se ele apresenta algum distúrbio psicológico.

Ao ser ouvido pela polícia, o jovem admitiu os crimes e disse que planejou a ação por dois anos. Ele também teria afirmado no depoimento que sofria bullying na escola.

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