Chefe do 'gatonet' na zona sul de São Paulo é morto pelo PCC por impedir tráfico e baile funk

Departamento de Homicídios investiga outras cinco mortes ligadas à disputa de facções por TV a cabo clandestina na mesma região

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, nesta quarta-feira (23), duas pessoas pela morte de Manoel Paulo da Silva Junior, 44, conhecido como Juninho. Segundo a polícia, ele era o chefe de um grupo criminoso que controlava o "gatonet", como são chamadas as transmissões clandestinas de TV a cabo, em bairros da periferia da zona sul da capital.

Juninho foi morto a tiros na avenida Guarapiranga, no Jardim São Luis, no dia 30 de junho. No momento do crime, uma segunda pessoa, um estudante universitário, que nada tinha a ver com o crime, foi atingida por tiros e ficou tetraplégica.

Policiais cumpriram dois mandados de prisão pela morte de Manoel Paulo da Silva Junior; outros 15 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça
Policiais cumpriram dois mandados de prisão pela morte de Manoel Paulo da Silva Junior; outros 15 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça - Polícia Civil/Divulgação

Os presos, um homem e uma mulher, teriam armado uma emboscada para que integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) matassem Juninho.

Segundo a investigação do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), Juninho era integrante de um grupo criminoso conhecido como Pé de Pato, rival do PCC e responsável pela gestão ilegal do fornecimento de TV a cabo na região de Santo Amaro e Campo Limpo, ambas na zona sul.

"Existia uma rivalidade entre os dois grupos criminosos por conta de quem tinha mais clientes. Eles passaram a tomar cliente do outro, a lista de clientes que o outro tinha", disse a delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP.

Conforme o apurado, o grupo de Juninho exercia influência em favelas do Parque Arariba, não permitindo que a facção criminosa PCC vendesse drogas ou promovesse bailes funk na região. Tal situação, de acordo com as investigações da Polícia Civil, teria gerado incômodo nos rivais.

Após debate, como são chamadas as reuniões entre membros da facção para discutir um determinado assunto, ficou resolvido que Juninho estava atrapalhando os negócios do PCC e por esse motivo decidiram por sua morte.

A decisão teria sido tomada por uma liderança da facção de apelido Cirilo, com atuação no Capão Redondo, bairro vizinho ao Campo Limpo.

Testemunhas ouvidas no curso da investigação revelaram que, pouco antes de ser morto, Juninho se reuniu com duas pessoas, que teriam atraído a vítima com a promessa de entregar uma lista de clientes e valores do gatonet na região.

Assim que Juninho chegou à reunião, uma delas teria avisado Cirilo. Ele foi morto a tiros ao parar a moto que conduzia em um semáforo.

"Durante a ação criminosa em que o Manoel foi morto ao lado dele havia vários motociclistas parados no farol. Dois tiros atingiram um rapaz de 23 anos, universitário, cursava administração, o qual ficou tetraplégico. Ele não tinha nada a ver. Simplesmente emparelhou a moto dele ao lado da moto que o Manoel estava pilotando", disse Sato.

Peritos que foram até o local encontraram a lista de clientes do "gatonet" entre os pertences de Juninho.

A investigação do DHPP apontou que 12 pessoas tiveram participação no crime. Elas tiveram os pedidos de prisão preventiva.

O DHPP investiga há pelo menos um ano a briga entre as facções pelo controle da TV clandestina na zona sul. Nesse período, ao menos cinco pessoas foram mortas na área da 1° Delegacia de Repressão a Homicídios, que abrange as zonas sul e zona oeste, e é chefiada pela delegada Magali Celeghin Vaz, responsável por esclarecer a morte de Juninho.

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