Descrição de chapéu Obituário Herch Moysés Nussenzveig (1932 - 2022)

Mortes: Dedicou a vida à pesquisa em física no Brasil

Por mais de seis décadas, o professor Herch Moysés Nussenzveig viajou o mundo acumulando tantos prêmios quanto admiradores

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São Paulo

O físico Herch Moysés Nussenzveig foi um visionário. Por si só, ele brilhava tanto quanto seus laureados estudos, principalmente sobre óptica, uma área da física que busca compreender fenômenos relacionados à luz.

Herch Moysés Nussenzveig (1932-2022) - Caio Guatelli/Folha Imagem

De origem polaco-judaica, Moysés nasceu no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1932, apesar de seus registros indicarem 16 de janeiro de 1933. Teve dois irmãos, um deles o imunologista Victor Nussenzweig.

Sempre foi apaixonado pela literatura e estudos sobre o comportamento humano, mas foram as ciências exatas que o encantaram. A graduação em física veio em 1954, pela USP (Universidade de São Paulo), mesma instituição em que alcançou o seu título de doutor, em 1957.

Depois, fez estágios de pós-doutoramento nas universidades de Eindhoven (1958) e Utrecht (1959), ambas na Holanda. Ainda passou pelo Instituto Nacional de Tecnologia de Zurique, na Suíça (1960), e pela Universidade de Birmingham (1960), na Inglaterra.

Moysés foi um dos mais importantes pesquisadores brasileiros do último século. Começou como docente em 1964, na Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Também teve um período na França até retornar ao Brasil, em 1975.

Em solo brasileiro, foi professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), de onde recebeu o título de professor emérito.

Acolhedor, tratava os alunos como filhos. Os recebia, instruía e cobrava sempre que necessário. Também gostava de compartilhar longas histórias pessoais que sempre carregavam um ensinamento e gargalhadas estridentes ao fim.

Premiações não faltaram na vida do acadêmico. Recebeu o Prêmio Max Born (1986), concedido pela Sociedade Óptica dos Estados Unidos, o Prêmio Álvaro Alberto em Física (1995) e a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1995), ambos concedidos pelo governo brasileiro.

Moysés também foi autor de vários livros didáticos, como a coleção Curso de Física Básica, vencedora do Prêmio Jabuti, em 1999.

Presidente da Sociedade Brasileira de Física nos anos 80, o professor foi membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Mundial de Ciências e da Sociedade Americana de Física, além de fundador da Academia de Ciências da América Latina.

Marido atencioso e pai dos mais dedicados, participativos e incentivadores, Moysés sempre teve a família como seu maior projeto, do qual cuidou incessantemente enquanto pôde.

"Quero que ele descanse, que não tenha mais de carregar o fardo dessa existência tão dura. [...] Cuidarei da minha mãe sempre, ele pode ficar tranquilo. Amo muito o meu pai e continuarei sempre conversando com ele, fazendo os dois lados da conversa. Mas nunca deixarei de sentir a sua falta", declarou um de seus filhos, Paulo Nussenzveig.

Moysés também escreveu nesta Folha. Em seu último texto publicado, em maio de 2020, sob o título Impeachment já para o genocida, pedia o afastamento de Jair Bolsonaro (PL), derrotado em sua tentativa de reeleição no último domingo (30).

Herch Moysés Nussenzveig morreu, aos 90 anos, neste sábado (5). Ele deixa a esposa, Micheline, os filhos Helena, Paulo e Roberto, e uma legião de admiradores.

O velório será realizado neste domingo (6), das 13h30 as 16h30, no Salão Celestial do Cemitério Vertical Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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