Descrição de chapéu Obituário Angela Aranha Coelho (1953 - 2022)

Mortes: Reflexiva, encantou pela palavra e pelo pensamento

Neta de Osvaldo Aranha, Angela Aranha Coelho gostava de longas conversas que a permitissem reinterpretar o mundo

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São Paulo

A letróloga, tradutora e agente cultural Angela Aranha Coelho era uma aventureira ávida pelos diversos caminhos do conhecimento.

Neta do diplomata Osvaldo Aranha, ela nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1953. Já em São Paulo, onde passou boa parte da vida, graduou-se em letras na USP (Universidade de São Paulo) em 1992.

Seu pai, era um entusiasta da criação de cães e, na década de 1950, desenvolveu uma das três raças brasileiras reconhecidas internacionalmente: o rastreador-brasileiro. Angela cultivou o mesmo carinho pelos animais.

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Angela Aranha Coelho (1953-2022) - Arquivo pessoal

Ela gostava de longas conversas. Seu sorriso aberto e olhar generoso eram convites perfeitos para que encontros se estendessem. Ninguém poderia deixá-la enquanto não terminasse uma reflexão, que emendava sempre em outra, depois mais uma.

Inquietação em relação às injustiças sociais e desigualdades sempre a acompanhavam. Não se calava, enfrentava e buscava soluções para os problemas e se indignava com a fome e a pobreza.

Angela tinha uma retórica sempre questionadora. Encantava a todos pela flexibilidade e revisão de seu pensamento. Não carregava conceitos pétreos e tinha dificuldade em lidar com os que faziam o oposto. Questionava os porquês de tudo e todos. Ela considerava a humanidade espécie em constante revolução.

Leitora voraz, gostava de fazer análises de livros de seus autores e autoras prediletos. Machado de Assis, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Telles foram suas principais fontes.

Além dos compatriotas, teve grande apreço por fazer traduções, as quais considerava um grande desafio, de celebrados autores das mais variadas nacionalidades.

Angela amou muito seu marido, que a deixara viúva, mas nunca partira de sua memória. Histórias do casal, mesmo as repetidas inúmeras vezes, tinham sempre o mesmo aroma, tempero e sabor de afeto.

"[...[ Sou muito grata pelo seu amor, carinho e conduta. Amo muito você, minha mãe–útero quentinho e mãe expansão, sua simpatia e alegria; seu sorriso, seu ensinamento, a literatura. Conversas, filmes, histórias, famílias", declarou a premiada chefe de cozinha Bel Coelho em carta escrita à Angela, sua mãe.

Angela Aranha Coelho morreu no último dia 19 de outubro, data em que completava 69 anos. Ela deixa os filhos Guilherme, Isabel, Beatriz e André, netos, amigos, sorrisos, conversas e ensinamentos eternos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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