Descrição de chapéu Obituário Pedro Perassolo (1943 - 2022)

Mortes: Gostava de pão de queijo com chimarrão e da caridade

Durante a pandemia, Pedro Perassolo desenvolveu o hábito de maratonar seriados

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Porto Alegre

Todos os dias, antes de levantar da cama ao acordar, Pedro Perassolo esticava o braço e ligava o rádio de pilha que mantinha sobre a mesinha de cabeceira. O mesmo gesto se repetia à noite, assim que ele se deitava para dormir.

Ouvir as notícias pela rádio foi um ritual de praticamente toda a vida de Pedro, que dedicava ao menos uma hora do seu dia para se informar do que acontecia no mundo, mesmo morando em Santiago, uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul distante de onde tudo acontece.

Prestar mais atenção no mundo e menos em si era uma de suas principais características —seu Pedrinho, como era chamado, apesar de ter quase 1,90 m de altura, ocupava-se constantemente do bem-estar de seus familiares, amigos e até de quem pouco conhecia.

Pedro Perassolo (1943-2022)
Pedro Perassolo (1943-2022) - Arquivo pessoal

Ele emprestava dinheiro para uns e, para outros, doava seu tempo, a exemplo de quando atuou por mais de 20 anos como tesoureiro voluntário de uma casa de repouso onde viviam dezenas de idosos, atividade que levava a sério como se fosse um trabalho remunerado.

Ele também foi provedor do hospital de caridade da cidade e secretário da Saúde, atividades que exerceu depois de se aposentar de uma carreira de décadas como funcionário do Banco do Brasil. Seu Pedrinho não se contentava com uma vida calma de aposentado.

Pedro levou uma vida feliz ao lado da mulher, Venir, com quem construiu uma família e foi casado por 57 anos. Juntos, iam à igreja todos os domingos de manhã e participavam de reuniões semanais do Movimento de Cursilhos de Cristandade, um grupo católico que se tornou também parte importante da vida social do casal.

Um de seus passatempos preferidos era assar pão de queijo, que comia tomando chimarrão. O outro era colocar uma mistura de massa integral na panificadora e cuidar até que virasse pão.

Durante a pandemia, desenvolveu o hábito de maratonar seriados até cochilar no sofá e passou a caminhar com a mulher nos arredores de casa. Já que o mundo estava parado por um vírus, ele se permitiu descansar.

O fim de sua vida foi abrupto. Ele atravessava uma rua perto de casa, na faixa de segurança, quando foi atropelado por um motoqueiro que ignorou a placa de pare. Sua mulher estava junto e saiu ilesa, mas Pedro passou mais de dois meses na UTI —onde completou 79 anos— até morrer na última terça-feira (22), em Porto Alegre, cidade na qual foi velado e cremado.

Deixa a mulher, três filhos e um neto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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