Descrição de chapéu chuva

PRF responsabiliza concessionária por não ter bloqueado rodovia antes de deslizamento no PR

Duas pessoas morreram e ao menos 30 pessoas continuam desaparecidas após queda na BR-376; empresa diz ser prematuro falar em causas

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Porto Alegre e Curitiba

A Polícia Rodoviária Federal do Paraná disse que era responsabilidade da Arteris Litoral Sul interditar a BR-376 antes do deslizamento que soterrou 16 veículos na segunda-feira (28), em Guaratuba, no litoral do Paraná.

Dois corpos foram encontrados até agora, seis pessoas foram resgatadas com vida e ao menos 30 pessoas continuam desaparecidas sob a lama.

Área do deslizamento de terra na BR-376 em Guaratuba (PR) - Corpo de Bombeiros de Santa Catarina/AFP

Segundo o superintendente da PRF no Paraná, Antônio Paim Júnior, por ser "muito dinâmica", a avaliação de risco de manter o tráfego perto de encostas em período de chuva deveria ser feita pela empresa responsável pelo trecho.

Paim disse que é "uma questão própria da concessionária avaliar [a condição de tráfego] e agir de acordo com os levantamentos e até o histórico de ações que se tem nos locais". As declarações foram dadas em entrevista coletiva.

Um primeiro deslizamento, sem vítimas, havia ocorrido na segunda-feira à tarde, por volta das 15h30, danificando um talude e levando a concessionária a deixar o trânsito em pista simples no trecho do km 669. Cerca de três horas e meia depois, uma nova queda de barreira às 19h resultou na tragédia.

Em nota, a Arteris afirma ser prematura, "neste momento, qualquer afirmação sobre as causas do deslizamento [...] pois não contaria com o embasamento técnico necessário".

Porém, diz que possui um programa permanente de monitoramento de encostas e que o trecho onde ocorreu o deslizamento é "acompanhado periodicamente, sendo parte de suas obrigações contratuais".

A concessionária também ainda estar "consternada" e que "se solidariza com amigos e familiares das vítimas do deslizamento".

Após a paralisação dos trabalhos por risco de novos desabamentos, os bombeiros paranaenses retomaram as buscas por outras vítimas na manhã desta quarta-feira (30). Foram retirados três veículos e uma carreta que estavam na parte superior da pista. No caminhão, estava um dos mortos: João Maria Pires, 60, natural de São Francisco do Sul (SC).

O número exato de vítimas ainda não é preciso, pois não é possível saber quantas pessoas estavam em cada um dos veículos soterrados, sendo dez carros e seis caminhões.

Segundo a Arteris, o trecho do km 669 permanece com interdição total e sem previsão de liberação. O texto indica que usuários utilizem rotas alternativas para seguir em direção a Curitiba (pela BR-116) e para Santa Catarina (BR-470).

Outra rodovia, a BR-277, chegou a ser interditada parcialmente, mas foi liberada por volta das 15h30 desta quarta-feira. A BR-376 está interditada em dois pontos, na praça de pedágio em São José dos Pinhais (PR), no km 635, e em Garuva (SC), no km 1.

"Equipes de engenharia, conserva e operações atuam no local para verificação do talude e auxiliam na remoção dos veículos. No momento, veículos caçamba, escavadeira e guinchos atuam com o objetivo de liberar uma das faixas para o trabalho das equipes. Todos os trabalhos estão sob coordenação do Cobom [Corpo de Bombeiros] e contam com apoio, além da concessionária, da Defesa Civil e Polícia Rodoviária Federal", diz o comunicado.

A operação de resgate no local inclui 56 bombeiros, cães farejadores, forças de segurança do Paraná e de Santa Catarina e uma câmera termal, que identifica calor corporal. Até o momento, nenhum sinal de sobreviventes havia sido detectado.

Conforme a PRF, o volume de terra que deslizou sobre a pista é a mais expressiva desde março de 2011, quando, as BRs 277 e 376 tiveram diversos trechos soterrados no Paraná e em Santa Catarina.

Impactos

Além das possíveis mortes por soterramento, a chuva no Paraná e os bloqueios em rodovias causam transtorno no transporte intermunicipal e no movimento do Porto de Paranaguá (PR).

O pátio público de triagem do porto amanheceu nesta quarta com apenas três veículos e, até as 8h30, apenas quatro caminhões deram entrada no local.

Na terça, durante todo o dia, foram 141. O fluxo normal de caminhões no porto é de 400 por dia.

Apesar do baixo fluxo na recepção das cargas de granéis sólidos vegetais de exportação –principal segmento operado pelo Porto de Paranaguá– ainda não é possível falar em prejuízos. Os operadores e terminais operam com estoque, o que possibilita operações pelo menos até o final de semana.

De acordo com a gerência de operação, se a situação não for normalizada até lá, a partir da próxima semana deve haver dificuldade na recepção de cargas para embarque dos navios.

Os bloqueios impactam diretamente o atendimento do transporte coletivo dos municípios de Fazenda Rio Grande, Mandirituba e Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba. Cerca de 34 mil usuários fazem uso destas linhas.

A rodoviária de Curitiba precisou cancelar 65 viagens até a manhã desta quarta: 29 para Santa Catarina, 6 para o Rio Grande do Sul e 30 para o litoral paranaense.

Pela rota da BR-116, estão sendo realizadas algumas poucas viagens para Florianópolis e cidades do Rio Grande do Sul. Todas as linhas intermunicipais de transporte comercial de passageiros entre a Grande Curitiba e o litoral estão suspensas.

A Prefeitura de Curitiba precisou abrigar 45 pacientes que chegaram do litoral para tratamento médico e não conseguiram retornar para casa. Segundo a gestão, todos estão em condições estáveis de saúde e foram encaminhados para diferentes espaços, de acordo com o perfil.

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