Um grupo de manifestantes antidemocráticos fechou parcialmente a avenida 23 de Maio, próximo ao parque Ibirapuera, na zona sul da capital, na tarde deste domingo (8) em apoio aos bolsonaristas que proveram invasões em Brasília.
Os manifestantes tomaram a avenida pouco antes das 15h30 e ficaram ali por cerca de uma hora e meia. Diversos pontos foram bloqueados, segundo o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar).
De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a avenida 23 de Maio foi, por enquanto, a única via bloqueada na cidade por atos desse tipo neste domingo.
Por volta das 17h, eles deixavam o local e caminhavam em direção à avenida Sargento Mário Kozel Filho, onde fica o quartel do Comando da 2ª Região Militar e a Assembleia Legislativa.
A Folha acompanhou a caminhada e não presenciou ninguém sendo preso ou em ações de hostilidade contra os policiais que acompanhavam a manifestação.
Os manifestantes gritavam frases como "ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil" e "SOS, intervenção militar".
Um dos manifestantes chegou a convidar os colegas a invadirem a Assembleia Legislativa, mas não foi seguido pela turba.
O clima em frente ao quartel do Exército, onde os dois lados da avenida estavam tomados, era aparentemente tranquilo e sem sinais de possíveis atos terroristas.
A única hostilidade mostrada é com os helicópteros que sobrevoam o acompanhamento, com xingamentos contra a Rede Globo. Dois profissionais de imprensa chegaram a ser ameaçados e encurralados pelos golpistas. Para escapar, tiveram que se refugiar em um estande de vendas.
Os participantes mantinham uma preocupação constante com infiltrados na manifestação, o que gerou uma série de confusões e brigas.
Por volta das 18h40, um homem pardo de bermudas foi cercado e espancado sob suspeita de estar infiltrado. Ele ficou estirado no asfalto da avenida enquanto bolsonaristas o cercavam.
Um grupo de seis jovens, que usavam roupas pretas e camufladas, também foi cercado por manifestantes e foi obrigado a mostrar o que tinham dentro das bolsas e mochilas. A PM teve de intervir para proteger o grupo.
Nada suspeito foi encontrado com o grupo, que foi liberado pelos policiais. Um dos jovens, que segundo PMs era praça do Exército, tinha uma faca na mochila.
Um policial, ao falar com manifestantes, disse que o ato na 23 de Maio estava "maravilhoso" e pediu que os participantes não aceitassem provocações.
Um dos repórteres da Folha foi convidado a se retirar da avenida onde eles se concentravam e foi escoltado por um subtenente aposentado da PM e seguranças.
Os atos acontecem no mesmo dia que manifestantes golpistas invadiram, em Brasília, áreas do Congresso, do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal), espalharam atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a Polícia Militar.
A ação de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecedida por atos antidemocráticos insuflados pela retórica golpista do ex-presidente no período eleitoral.
Neste domingo, a Polícia Militar lançou bombas de efeito moral contra um grupo de centenas de manifestantes. Eles vieram do acampamento diante do Quartel-General do Exército, chegaram à Esplanada e se concentraram inicialmente em frente ao Ministério da Justiça.
A ação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que culminou com a invasão de áreas do Congresso Nacional neste domingo (8) guarda semelhanças com um evento ocorrido nos Estados Unidos que completou dois anos nesta semana.
Em 6 de janeiro de 2021, insuflados pelo então presidente Donald Trump, manifestantes invadiram o prédio do Legislativo americano, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020 —o republicano e seus seguidores sustentam até hoje o discurso mentiroso de que o pleito foi fraudado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.