Descrição de chapéu Alalaô Cracolândia

Bloco da Cracolândia reúne foliões em SP: 'trocaram o cachimbo pela baqueta'

Aplicativos de busca levaram também estrangeiros para o Blocolândia, que desfilou nesta sexta de Carnaval

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São Paulo

Usuários de drogas que vivem na cracolândia, na região central de São Paulo, tiveram uma tarde diferente nesta sexta-feira (17).

Assim como ocorre há oito anos, o bloco de Carnaval Blocolândia levou momentos de samba e alegria para quem vive nas ruas da região da Santa Ifigênia, no centro da capital.

A concentração teve início às 14h, no Teatro de Container, na rua dos Gusmões. O desfile, que reuniu cerca de 300 foliões, foi encerrado antes das 18h, em um bar na rua General Osório.

Homem com chapéu de pirata. Ele é pardo e tem barba. Possui pinturas no corpo e no rosto. Ao lado dele, uma mulher segura um pequeno instrumento de percussão
Desfile do Blocolândia nesta sexta (17) de Carnaval pelas ruas da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Antes mesmo de o grupo sair para o cortejo, equipes da GCM (Guarda Civil Municipal) passavam a todo instante pelo local. Os agentes, no entanto, não acompanharam o trajeto, que ainda passou pela rua dos Andradas e pela praça Júlio Prestes.

Uma equipe da Polícia Militar esteve presente em todo o percurso, além de agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Fantasias e cabelos e corpos pintados deram cor a uma região onde predomina o cinza.

Crianças que participaram do bloco foram presenteadas com balões em formato de animais, feitos na hora por palhaços que atuam na cracolândia com projetos de redução de danos.

"É uma grande articulação do território, entre trabalhadores, ativistas e usuários", disse Raphael Escobar, 35, um dos organizadores do bloco.

Escobar classificou o Blocolândia como o mais careta do Carnaval de rua de São Paulo.

"O pessoal troca o cachimbo pela baqueta. Em relação a outros blocos, garanto que é o que tem menos usuários de drogas", afirmou.

Para Escobar, o desfile pelas ruas mostra à sociedade que os usuários não são zumbis.

"É muito emblemático. A vizinhança quer que a cracolândia vá embora. De repente eles assistem [ao desfile] em frente aos prédios e descobrem que [os dependentes] não são zumbis. Zumbi não toca, nem anda", acrescenta.

Entre os foliões estavam ao menos 20 estrangeiros de Inglaterra, Holanda, Dinamarca e Canadá, em grupos que não se conheciam. Eles tinham chegado ao cortejo por meio de sites e aplicativos de busca de blocos na internet.

Os irmãos Michaël e Jasper Kujis eram dos mais eufóricos, dançando entre os participantes.

Michaël, 31, de Amsterdã, contou que esta é a primeira vez que vem ao Carnaval no Brasil. Consultor de gerenciamento de dados, ele disse à reportagem que estava feliz. Seu irmão, o estudante Jasper, 26, da cidade de Tilburg (Holanda), também aprovou a festa.

O vereador e deputado estadual eleito por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) também marcou presença, ainda que no final do cortejo.

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