Bloquinho? O folião que acompanhou o bloco Charanga do França, na manhã desta segunda-feira de Carnaval (20), em Santa Cecília, na região central de São Paulo, sofreu para seguir o cortejo por causa da aglomeração acima do esperado.
A concentração até que foi tranquila, mas por volta de uma hora após o início do bloco, lá pelas 10h, quando a banda começou a andar, o aperto foi grande.
Muitos foliões que se aglomeraram na rua Imaculada Conceição para acompanhar o bloco relataram dificuldade de se mexer quando a banda, protegida pela corda, fez a curva para entrar na rua Barão de Tatuí e seguir o trajeto até o largo Santa Cecília, onde acontece a dispersão.
Aos gritos de "anda, anda", foliões espremidos imploravam para o bloco sair do lugar. A concentração de ambulantes com os carrinhos repletos de bebidas dificultou a locomoção. "Sempre tem muito ambulante, mas dessa vez, parecia que tinha mais. Estava muito difícil de sair do lugar", disse o folião Marco Mello, que acompanhava o Charanga.
A Folha acompanhou a tentativa de movimentação do bloco e presenciou o momento em que a diversão deu lugar ao desespero de quem queria fugir da multidão e não conseguiu. Ficou difícil até de levantar o braço, e as meias-arrastão das fantasias se enroscavam nos zíperes das pochetes de quem estava ao lado tamanho o grau de aperto entre os foliões.
Uma criança de cerca de 10 anos precisou ser levantada pelo pai para conseguir respirar. Um gari também ficou preso e contou com a ajuda dos foliões para se desvencilhar da multidão e conseguir chegar na parte de trás do bloco onde era esperado.
Outra reclamação era em relação a um caminhão estacionado em frente a uma obra na rua Barão de Tatuí, que faz parte do trajeto do bloco, e dificultou a passagem da multidão. "Sempre venho no Charanga e sei que vai ser perrengue, mas esse ano está pior", diz Helena Maia, 37, que acompanha o Charanga do França há cinco anos.
O pior momento é quando o bloco faz a curva para sair da rua Imaculada Conceição, onde ocorre a concentração, e sobe para a Barão de Tatuí. O objetivo é checar até o largo Santa Cecília. É tradição um caminhão com água de reuso esguichar refresco entre os foliões nos trechos finais do desfile.
O desfile do Charanga do França coincidiu com um dia de sol e calor após um domingo de Carnaval com chuva e frio que espantou os foliões das ruas. No sábado, um temporal interrompeu o desfile do bloco Tarado Ni Você na região central.
Por causa do aguaceiro, os músicos pararam a apresentação e boa parte do público dispersou em busca de algum tipo de abrigo.
Em vez da chuva, a superlotação fez a prefeitura encerrar com antecedência as apresentações dos blocos das cantoras Gloria Groove e Pabllo Vittar, no sábado e no domingo, respectivamente, por excesso de público.
Francisco Gomes Machado, ex-presidente do Conseg Santa Cecília, disse que todos os anos há aperto no desfile do Charanga do França e que neste ano não foi diferente. "É o normal dentro do anormal", disse.
Comerciantes do entorno também relataram surpresa com a maior quantidade de pessoas no desfile do Charanga do França neste ano.
A surperlotação também transformou o desfile do bloco Ano Passado Eu Morri Mas Neste Ano Eu Não Morro em perrengue na Vila Anglo, na zona oeste.
A multidão que acompanhou o cortejo desembocou na praça Rio dos Campos onde ficou impossível andar no fim da tarde.
Antes, o bloco que estreou no Carnaval de 2017 desfilou repertório em homenagem ao cantor Belchior e com forte apelo político. Faixas com a fase "Sem anistia" e outras em referência ao povo yanomami decoravam o trio elétrico.
Moradores usavam mangueiras para jogar água nos foliões para amenizar o calor. A quantidade de banheiros químicos foi insuficiente para dar vazão às necessidades dos foliões e um beco foi transformado em banheiro público a céu aberto.
No trajeto, apesar do perrengue, o cachorro labrador Dominique, 2, fazia a alegria dos seguidores com sua fantasia de Simba. "É o primeiro Carnaval dele, no outro ainda estávamos na pandemia", diz o tutor do Dominique, Maurilio Maia, 35. "Deram um gelo para ele, então está tudo bem", afirma.
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