Descrição de chapéu chuva

É grande a possibilidade de que o número de mortes em São Sebastião aumente, diz prefeito

Cidade do litoral paulista que teve bairros devastados após fortes chuvas está isolada

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São Paulo

Moradores de São Sebastião (a 197 km da capital paulista) estão isolados por causa de alagamentos de deslizamentos de terra provocados pelas fortes chuvas que atingem o litoral norte de São Paulo. "Nas áreas mais atingidas, não é possível chegar por terra nem por mar devido aos desmoronamentos e à ressaca", disse o prefeito Felipe Augusto (PSDB) à Folha neste domingo (19).

Até o momento, há informações de ao menos 30 feridos, dos quais dez estão em estado grave. Uma mulher de 35 anos morreu.

Segundo o prefeito, é grande a possibilidade de que o número de óbitos confirmados aumente quando as equipes de resgate chegarem a locais onde ocorreram soterramentos. Ao menos cem pessoas ficaram desabrigadas.

Enxurrada atinge moradias em área de encosta
Enxurrada atinge moradias em área de encosta no bairro Topolândia, em São Sebastião (SP) - Daniela Andrade/PMSS

"A estrada [Rio-Santos] simplesmente não existe mais em alguns trechos, o maior deles, de aproximadamente 500 metros, desapareceu por completo", afirmou Augusto. Rodovias que dão acesso ao município também estão bloqueadas, disse o prefeito.

Estimativas iniciais do município apontam para cerca de 50 casas atingidas por deslizamentos nos bairros Vila do Sahy e Barra do Sahy ou nas imediações. Essa é a área mais prejudicada e isolada.

Augusto afirmou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou à cidade no início da tarde, requisitou apoio de helicópteros do Exército. As aeronaves transportarão vítimas para hospitais em Caraguatatuba, em São José dos Campos e, se necessário, em São Paulo.

São Sebastião decretou estado de calamidade pública neste domingo (19) após as fortes chuvas que atingem o litoral norte paulista causarem deslizamentos de terra em diversas áreas do município. A programação de Carnaval para o dia foi cancelada.

Municípios da região também estão em alerta. Em Ubatuba, uma criança de sete anos morreu na madrugada depois de uma pedra deslizar e atingir a casa em que ela estava.

A Defesa Civil do município afirmou que os volumes registrados pelos pluviômetros são "excepcionais e recordes para a cidade". Na Barra do Una, Juquehy, Cambury e Boiçucanga choveu mais de 400 milímetros durante a madrugada, em um período de quatro horas. Há estações em que os volumes ultrapassam 600 milímetros em 24 horas.

O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Assim, no caso em que o volume de chuva registrado é de 600 mm, significa que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado.

O volume de chuva fora do comum em São Sebastião pode ser classificado como um "evento climático extremo", segundo a meteorologista Ana Avila, do Centro de Pesquisas Meteorológicas da Unicamp.

"O Brasil não tem um histórico de eventos extremos frequentes, embora registre fenômenos intensos, mas esse é um evento extremo de chuva", afirma.

Modelos meteorológicos emitidos com 48 horas de antecedência indicavam precipitações com volume de 200 milímetros para o litoral, o que já representava uma condição de risco. Porém a concentração da chuva em algumas localidades, sobretudo em São Sebastião, é o que explica a extrapolação.

Choques de diferentes sistemas climáticos foram responsáveis pela ocorrência. O transporte de umidade e calor da região amazônica encontrou, sobre a serra do Mar, uma frente fria que avançava a partir do sul do continente. "Isso estava previsto, mas ocorreu de forma mais intensa e concentrada", diz Avila.

Ela explica que essas são condições incomuns, mas que eventualmente ocorrem no país, embora não seja possível "isolar a questão das mudanças climáticas dos eventos extremos que estão acontecendo com mais frequência".

Cidade precisa de doações

São Sebastião precisará de doações de água, produtos de higiene e limpeza e colchões para atender desabrigados, segundo o prefeito Felipe Augusto.

O fundo social do município está recebendo doações para distribuir as famílias afetadas. Os pontos de arrecadação são o Fundo Social, na rua Capitão Luiz Soares, 33, e as regionais da Secretaria de Serviços Públicos. Para mais informações sobre como ajudar é possível entrar em contato pelo telefone (12) 3892-4991.

A prefeitura abriu escolas para receber famílias desabrigadas. Até o momento, os locais abertos para receber a população são as escolas municipais Professora Patricia Viviani Santana, da Topolândia; Escola Cambury, em Cambury; Instituto Verde Escola, em Barra do Sahy; Professor Antonio Luiz Monteiro, de Boiçucanga; e Maria Virginia Silva, de Barra do Una; e também a Creche Débora Tavares Bahia, no Jaraguá.

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