Desabrigados de São Sebastião irão ocupar 300 imóveis prontos em Bertioga

Empreendimento foi entregue nesta quinta-feira (2) e estava sendo motivo de disputa entre prefeitura e governos estadual e federal

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São Paulo

Parte dos desabrigados das fortes chuvas em São Sebastião irá ocupar provisoriamente 300 unidades habitacionais entregues nesta quinta-feira (2) em Bertioga, cidade vizinha ao epicentro da tragédia. Cerca de 1.100 pessoas perderam suas casas no temporal recorde.

Os apartamentos serão destinados às vítimas da tragédia por oito meses, enquanto o governo do estado viabiliza a construção de moradias definitivas. O acordo foi assinado na tarde desta sexta-feira (3) entre o secretário estadual de Habitação, Marcelo Branco, e a Frente Paulista de Habitação Popular do Estado de São Paulo, entidade responsável pelo empreendimento.

Morador da Vila Sahy, em São Sebastião, tenta recuperar casa afetada por enxurrada de lama
Morador da Vila Sahy, em São Sebastião, tenta recuperar casa afetada por enxurrada de lama - Adriano Vizoni - 1º.mar.23/Folhapress

As unidades habitacionais foram alvo de disputa entre o prefeito de Bertioga, Caio Matheus (PSDB), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Os mandatários dos governos estadual e federal pediram ao prefeito para ceder parte das unidades habitacionais, que se recusou. Ele alegou que o empreendimento foi erguido no âmbito do programa federal Minha Casa, Minha Vida - Entidades, no qual associações de moradia são as responsáveis por indicar quem irá ocupar os apartamentos.

"A autonomia de gestão dos cadastros é das entidades e não da prefeitura", disse Matheus à TV Vanguarda, afiliada da TV Globo. "Os moradores de Bertioga que estão na lista de espera a gente vai lutar com unhas e dentes para não serem retirados", continuou o prefeito.

Nesta quinta-feira (2), vídeo registrou o diálogo entre Tarcísio e o prefeito em que o governador tentou convencê-lo a ceder as unidades.

"Não faz sentido nenhum esses imóveis estarem lá vazios, porque eu vou ter uma despesa maior para construir a 'vila de passagem' que eu preciso", disse o governador a Matheus, na ocasião. "Sim, estou contigo", respondeu o prefeito de Bertioga.

De acordo com o secretário de obras de Bertioga, Luiz Carlos Rachid, as cerca de 300 unidades que são ocupadas pelos desabrigados da chuva são, originalmente, destinadas a pessoas que vivem em municípios próximos, como Suzano e Mogi das Cruzes –não afetados pelo temporal.

Rachid afirmou que os moradores aguardam a entrega das unidades habitacionais há cerca de oito anos e que a maioria vive na favela Jardim Helena. No total, o empreendimento tem 1.500 unidades.

De acordo com Rosalvo Salgueiro, integrante da Frente Paulista de Habitação Popular do Estado de São Paulo, a decisão de ceder as unidades foi um gesto de solidariedade. "Quem tinha condição de dar algum suporte a essas pessoas éramos nós", diz.

Ele conta que o governo se comprometeu a limpar e reformar os imóveis ocupados pelas vítimas antes de serem entregues aos donos após os oito meses de uso. "Houve resistência a princípio, mas depois quem estava na fila entendeu a importância de ajudar", diz.

Os moradores irão receber auxílio-aluguel durante o período.

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