'Não sei quando vou chegar'; passageiros encaram fila, aperto e espera na greve do metrô

Usuários forçam abertura das portas dos ônibus, que já chegam lotados nos pontos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Passageiros tentam entrar em ônibus do lado de fora da estação da Luz Bruno Santos/Folhapress

São Paulo

Passageiros enfrentam transtornos ao tentar chegar ao trabalho desde o início da manhã desta quinta-feira (23), em São Paulo, após o início da greve dos metroviários. Seguem paralisadas as linhas 1-azul, 2-verde, 3-amarela e 15-prata, do monotrilho.

Na Luz, milhares de pessoas encaram longas filas desde o início da manhã no desembarque e nos acessos a outras linhas de trem e da linha 4-amarela, que opera normalmente. O sindicato diz que o Metrô concordou em liberar catracas e que linhas vão voltar a funcionar, mas não deu previsão.

Muitas pessoas não sabiam, por volta das 8h, que a linha 1-azul estava fechada e precisavam enfrentar fila para sair da estação ou voltar aos trens.

0
Passageiros se apertam na estação da Luz da CPTM, durante greve dos metroviários - Bruno Santos/Folhapress

Um homem tentou pular uma das grades que separava os dois grupos, caiu e bateu a cabeça. Ele foi atendido por agentes do metrô no local, e os passageiros desviavam da poça de sangue.

Outras pessoas tentam a sorte para ir ao trabalho. Foi o caso da auxiliar administrativa Laura Stefany, 23, que mora em Itaquaquecetuba e usa o trem para chegar ao metrô e desembarcar na Vergueiro, na linha azul. Ela começa o expediente às 8h, mas, passado esse horário, ainda aguardava na estação.

"Vi as notícias hoje cedo, mas decidi vir e ver o que fazer". Ela esperava com mais dois amigos no acesso à linha 1 que está fechado. "Decidimos pegar um Uber", afirmou.

Com a alta demanda, os preços das corridas nos aplicativos estão altos. Quem sai da Luz para a Vergueiro, caso de Laura, paga R$ 55. Em dias normais, o valor fica em torno de R$ 20.

Já a aposentada Edinalva, 72, pedia informações a um agente sobre como voltar para Mogi das Cruzes. "Precisava ir a uma consulta, mas não tem condição, vou embora. Ainda tem essa fila enorme para voltar para o trem", disse ela, que não informou o sobrenome.

Quem optou pelo ônibus pegou filas e princípios de confusão.

Na saída da estação da Luz, passageiros forçaram a porta de um ônibus já lotado para tentar embarcar.

O grupo conseguiu abrir metade da porta e xingava o motorista, que se recusava a sair com o coletivo aberto. Atrás dele, outro ônibus aguardava na mesma situação.

"Os ônibus passam aqui e nem abrem a porta, de tão cheios. Vou ver a hora aqui que consigo chegar", disse Antoniel Oliveira, 31, que faz manutenção em elevadores. Ele tenta chegar a Moema. "A base da firma é por aqui, mas, pela demora, já mandaram ir direto". Ele está há uma hora no ponto e não conseguiu embarcar.

No Parque Dom Pedro, na região central da capital, a telefonista Ingrid dos Santos, 21, já aguardava por mais de uma hora pela condução.

Em dias normais, ela vai de trem de Guaianases até a Luz, onde embarca na linha 1-azul até o Paraíso.

"Vim tentar esse ônibus, só que essa linha acompanha o trajeto do metrô e tem poucas unidades. Não passou nenhum ainda", diz ela.

Também na fila, Rosilene Caetano, 42, descobriu a greve ao chegar no Tatuapé, bairro em que mora. Ela tentava o ônibus para chegar ao trabalho na estação Ana Rosa. "Raramente uso ônibus, então só o trajeto do Tatuapé até aqui, que dura 20 minutos, levou mais de uma hora."

Marco Aurélio Barbosa, 57, mora em Cangaíba, na zona leste, e encontrou as portas fechadas da estação Tatuapé por volta das 4h40.

"Entro às 6h. Estava sabendo da greve, mas vim tirar uma foto para mostrar ao chefe que não sei quando vou chegar"

Marco Aurélio Barbosa, 57

passageiro

"Entro às 6h. Estava sabendo da greve, mas vim tirar uma foto para mostrar ao chefe que não sei quando vou chegar."

Geyse Oliveira, 26, mora na Vila Formosa e só soube da paralisação ao tentar embarcar. "Durmo cedo para acordar às 4h, não sabia que havia paralisação", diz ela, que pegaria o trem até a Luz.

As cinco linhas da CPTM funcionam normalmente durante a greve dos metroviários. As transferências para as linhas 1-azul, 2-verde e 3, vermelha do metrô estão fechadas em todas as estações com conexão à CPTM. As transferências para as linhas 4-amarela e 8-diamante funcionam normalmente nas estações Luz e Barra Funda.

Mulher fotografa aviso de paralisação em estação do metrô - Bruno Santos/Folhapress

Na madrugada desta quinta, após nova assembleia, os sindicalistas propuseram ao governo um dia de catraca livre para a população em substituição à paralisação.

Além do abono, a categoria ainda negocia a revogação de demissões por aposentadoria e outros desligamentos realizados em 2019, além de pedir novas contratações.

Em nota, o Metrô afirmou que que não há justificativa para que o sindicato declare greve "reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.