Descrição de chapéu greve

Metrô de São Paulo terá greve a partir de 0h desta quinta (23); rodízio é suspenso

Paralisação de 24 horas por abono atinge linhas azul, verde e vermelha e o monotrilho; companhia diz que acionará plano de contingência

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São Paulo

Os metroviários de São Paulo aprovaram uma greve de 24 horas a partir da 0h desta quinta-feira (23).

A votação favorável à paralisação se deu após uma reunião do Sindicato dos Metroviários com a direção da Companhia do Metropolitano de São Paulo, à tarde, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). No encontro, segundo os sindicalistas, os representantes do Metrô informaram que não tinham autorização do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para pagar o abono pedido pela categoria.

Trens ficaram lotados por causa de falha na linha 1-azul do Metrô
Com a paralisação, serão afetadas as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do monotrilho - Géssica Brandino/Folhapress

Nas redes sociais, o Metrô afirma que acionará seu plano de contingência para "minimizar os transtornos a quem precisa do transporte, possibilitando o funcionamento de trechos importantes do sistema". Diz ainda lamentar a decisão do sindicato de "punir a população paralisando o serviço essencial de transporte".

Em nota enviada à Folha, a direção da Companhia do Metropolitano de São Paulo disse não ver justificativa para a greve e se defendeu das cobranças do sindicato.

"O Metrô entende que não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público. O Metrô empenhou todos os esforços para atender aos pleitos do sindicato, em acordo com a realidade econômica da companhia. Essa realidade não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento, já que a empresa teve significativas quedas de arrecadação pela pandemia e não teve ainda o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019", disse, na nota, a companhia, que também listou os benefícios oferecidos aos trabalhadores da categoria [confira a íntegra do comunicado abaixo].

A Prefeitura de São Paulo informou que o rodízio municipal de veículos estará suspenso durante toda a quinta-feira em razão da greve.

As reivindicações do sindicato pelo abono são para repor o não pagamento das PRs (participação nos lucros) de 2020 a 2022.

A negociação começou em 11 de janeiro e, desde então, foram cinco encontros nos quais a categoria resolveu esperar uma conciliação, até a noite desta quarta (22), quando foi decidida a greve em assembleia por 51,83% dos votantes. Outros 45,21% votaram não e 2,96% se abstiveram.

Com a decisão, as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha do metrô e o monotrilho da linha 15-prata ficarão paralisadas por 24 horas, até a meia-noite de quinta-feira.

"Os trabalhadores do metrô estão tentando uma negociação desde o começo do ano, alguns pontos avançaram, mas hoje, infelizmente, no tribunal o Metrô fechou a negociação e não está atendendo a categoria, que é de receber um abono compensatório de coisas que o Metrô nos deve há três anos", comentou Camila Ribeiro Duarte Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários.

"Também queremos a abertura de concurso público para a contratação de funcionários. O serviço no transporte está muito difícil e quem está sentindo isso na pele são os trabalhadores e também os passageiros. Diante disso, a categoria decretou a greve e nós estamos dispostos a abrir mão da greve se pudermos liberar as catracas para a população usar o transporte normalmente e a gente seguir tendo um instrumento de mobilização e pressão para a reivindicação dos trabalhadores", completou.

Além do abono, a categoria ainda negocia com o Metrô a revogação de demissões por aposentadoria e outros desligamentos realizados em 2019, além de pedir novas contratações.

Na assembleia desta quarta, alguns funcionários discursaram contra a greve porque o início das negociações salariais do dissídio começará em maio. Eles temiam que uma greve agora pudesse prejudicar um futuro acordo.

O comunicado do Metrô:

O Metrô entende que não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público.

O Metrô empenhou todos os esforços para atender aos pleitos do Sindicato, em acordo com a realidade econômica da Companhia. Essa realidade não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento, já que a empresa teve significativas quedas de arrecadação pela pandemia e não teve ainda o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019.

Ainda assim, a empresa cumpre integralmente com o Acordo Coletivo de Trabalho e com a regra estabelecida para a política de progressão salarial aos seus funcionários. Também concedeu de forma excepcional a progressão na carreira superior a regra estabelecida para os anos de 2020, 2021 e 2022.
O Metrô acionará seu plano de contingência para garantir o funcionamento mínimo do sistema e conta com o bom senso da categoria para não prejudicar o transporte de milhões de pessoas.

Importante destacar que a Companhia aumentou os salários de seus funcionários em 20% nos últimos 2 anos, enquanto o salário-mínimo teve aumento de 17%. Enquanto a maioria das empresas demitiam ou diminuíam o salário, o Metrô aumentou os salários, mesmo com prejuízo causado pela pandemia. O salário médio do funcionário do Metrô com gratificação por tempo de serviço é de R$ 10 mil e, se somarmos aqui os vales refeição e alimentação, o valor chega a R$ 11,5 mil, além de outros benefícios acima da média, muito além dos exigidos pela CLT, como previdência suplementar, plano de saúde sem mensalidade, hora extra de 100% (CLT determina 50%), adicional noturno de 50% (CLT determina 20%), abono de férias em cerca de 70% (CLT determina 1/3), gratificação por tempo de serviço 1% do salário-base por ano trabalhado; complemento salarial para afastados e auxílio creche/educação de R$ 854 e auxílio creche/educação para filhos com deficiência de R$ 1.700, dentre outros, o que não é a realidade atual de mais de 90% da população brasileira.

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