Descrição de chapéu chuva

Após tragédia das chuvas, SP cria placas de aviso de risco e estuda novo alarme por celular

Diferentemente do atual sistema por SMS, ideia é que modelo de alerta funcione sem necessidade de cadastro

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São Paulo

Primeira grande crise enfrentada pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a chuva histórica que deixou 65 mortos no litoral norte de São Paulo há dois meses despertou as autoridades para a urgência de melhorar os sistemas de alerta e de comunicação com moradores de locais sujeitos a deslizamentos e inundações.

Na semana passada, a Defesa Civil estadual começou a colocar em prática um plano para compartilhar com essas comunidades informações dos mapas de risco de aproximadamente 800 áreas em mais de 300 cidades paulistas que possuem esse tipo de levantamento.

Entre as medidas está a criação de um sistema padronizado de placas para indicar pontos de perigo e rotas de fuga. As primeiras foram instaladas em Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo.

Placa sobre muro onde se lê Rota de Fuga
Placa sinaliza rota de fuga de área de risco no bairro Recanto Feliz, em Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo - Defesa Civil do Estado de SP

Apesar de simples, a adoção de um padrão visual para sinalizar riscos é medida pioneira no estado, segundo o órgão. As placas foram desenvolvidas com base na Cobrade (Classificação e Codificação Brasileira de Desastres).

Uma cartilha com orientações sobre como reagir a eventos climáticos extremos também foi criada.

Todo o conteúdo fica disponível na página da Defesa Civil para que as prefeituras utilizem as imagens para confeccionar o material a ser instalado nos locais de risco. Convênios com o estado podem ser estabelecidos para capacitação dos agentes locais, diz o órgão.

Cinco placas amarelas indicam rota de fuga e diferentes tipos de risco
Placas padronizadas para alertar sobre riscos serão adotadas pela Defesa Civil de São Paulo - Divulgação/Defesa Civil do Estado de SP

Outras medidas para alertar potenciais vítimas com antecedência devem ser testadas antes da próxima temporada de chuvas, que começa em dezembro.

Uma das principais é a criação de uma central de comunicação capaz de identificar telefones celulares localizados em áreas sujeitas a desastres. O cell broadcast ou sistema de transmissão por celular deverá interromper outras funções do aparelho —como reprodução de vídeos— e disparar um alarme sonoro e por vibração para que não seja ignorado.

"Já fizemos reuniões com presidentes das operadoras de telefonia. A ideia é que até dezembro tenhamos uma operação broadcast funcionando", disse o tenente-coronel Rinaldo de Araújo Monteiro, diretor estadual da Defesa Civil.

Monteiro destaca que, diferentemente do atual sistema de alertas por SMS, o novo será capaz de acionar aparelhos que estiverem em área de risco independentemente de o usuário ter cadastrado seu número para receber alertas.

São Sebastião, cidade litorânea que concentrou quase todas as mortes de fevereiro, terá prioridade para o início da operação do sistema. Neste momento, o programa está em fase de ajustes para que sejam modulados os níveis de alerta, já que os avisos devem variar de intensidade de acordo com o grau de risco.

Na tragédia do litoral norte, muitas das vítimas foram pegas de surpresa e soterradas pelo desmoronamento de encostas enquanto tentavam deixar suas casas.

O desastre em São Sebastião, contudo, não foi o único evento que chamou a atenção para a necessidade de instrumentos mais efetivos de percepção de risco e prevenção diante de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

A Defesa Civil afirma que, neste último verão, foram registradas 23 mortes de pessoas arrastadas por enxurradas, e em muitos casos houve falta de percepção de risco. Uma enxurrada de 15 centímetros de altura é suficiente para arrastar uma pessoa, diz o órgão. Se a altura da água chegar a 30 centímetros, a enxurrada pode levar um carro.

Radares meteorológicos

Enquanto realiza ações de curto prazo, o estado também se prepara para modernizar seu sistema de radares meteorológicos, a fim de conseguir prever eventos climáticos com potencial para causar catástrofes com mais antecedência. Também é esperado que o aprimoramento da tecnologia indique com mais precisão o volume de chuva esperado.

No caso de São Sebastião, os alertas apontavam precipitações na casa dos 200 mm, mas a chuva superou 600 mm em menos de 24 horas, mais do que o dobro esperado para o mês de fevereiro.

Os seis radares utilizados atualmente pelo estado foram fabricados entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, afirma a Defesa Civil.

Segundo o órgão, uma comissão que está na Alemanha para conhecer o centro nacional de monitoramento também visitará um fabricante de radares. A Defesa Civil não estimou um prazo, no entanto, para o início do processo de compra e instalação dos equipamentos.

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