Descrição de chapéu ataque a escola

'O que está nos ajudando é a fé', afirma tio de vítima de ataque a creche em SC

Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, retomou as atividades nesta segunda após atentado que deixou 4 crianças mortas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Blumenau (SC)

Um misto de esperança e desejo de renovação uniu pais de alunos da creche Cantinho Bom Pastor, de Blumenau (SC), nesta segunda-feira (17). A escola retomou as atividades 12 dias após um homem de 25 anos pular o muro da creche e matar quatro crianças.

Além do muro que ficou mais alto, cercas de ferro em formato de caracol acima da nova estrutura devem ser instaladas nos próximos dias. A mudança na organização do local foi feita por voluntários.

"Quando foi feita a reunião com os pais, para mim foi uma virada de chave", diz a estilista Cristiane Coelho, 38, mãe de uma aluna. "Foi bacana ver a união de todo mundo para retomar [as atividades]. O importante é as crianças voltarem com outro ar, ar de brincadeira", descreve a mãe.

Pais levam alunos à creche Cantinho Bom Pastor, que reabriu nesta segunda (17) - Kamile Bernardes/O Município Blumenau

"O sentimento que eu tenho é o de sempre, de segurança, de confiança na instituição, da proprietária Alconides. Mesmo depois da fatalidade que aconteceu, o sentimento continua sendo o mesmo, também pelos profissionais que aqui trabalham", diz o vendedor Luiz Guilherme da Cunha.

Ele é tio do menino Bernardo Pabst da Cunha, um dos quatro mortos no ataque. O filho de Luiz tem dois anos de idade e estava na sala de aula quando o atentado aconteceu.

A família, diz, está recebendo acompanhamento psicológico. "O que está nos ajudando é a nossa fé", conta o vendedor. "Não está sendo fácil. Mas nossa luta está sendo agora para que nenhum pai e nenhuma mãe passe pelo que a gente está passando."

Para o representante Fabio Rocha, 41, que também é pai de uma aluna, o mutirão que contou com o apoio de 40 voluntários é uma cena que ficará marcada para sempre na vida das famílias. Até quem não tinha relação com a creche participou da ação.

"A gente está desde quarta-feira, desde que a gente começou essa força-tarefa, com 30 a 40 voluntários mesmo. Há pessoas que vieram exclusivamente para ajudar a gente. Isso é sensacional. Esse acolhimento que a gente teve de toda a sociedade é fantástico", disse Rocha.

A direção da Creche Cantinho Bom Pastor, que é uma instituição particular, agradeceu à ajuda recebida. Além do material de construção civil e mão de obra para ampliação do muro, a Polícia Militar vai disponibilizar uma viatura exclusiva para monitorar o local pelos próximos 15 dias.

Após esse período, segundo a diretora Alconides Ferreira de Sena, uma empresa de vigilância da cidade já se comprometeu a fazer a vigilância do local, de forma gratuita, assim como a implantação de mais câmeras de segurança

"Temos trabalhos para 15 dias no mínimo. As pessoas vêm se disponibilizando como podem, o muro por dentro já está todo pintado, apenas estamos aguardando um artista para fazer o trabalho em uma parede por dentro e em outra parede serão os nossos artistas", diz Sena.

A parte da frente da creche, conforme conta a diretora, ficará com o muro em branco e também em breve receberá a pintura de um artista local que irá colorir o espaço de outra forma.

Polícia indicia autor de ataque

Também nesta segunda (17), a Polícia Civil de Santa Catarina indiciou o autor do ataque.

O homem de 25 anos vai responder por quatro homicídios consumados quadruplamente qualificados (motivo fútil, emprego de meio cruel, sem possibilidade de defesa e contra menor de 14 anos) e por cinco tentativas de homicídio, com as mesmas qualificadoras, por causa das crianças que ficaram feridas.

A pena para o homicídio simples é de 6 a 20 anos de reclusão, além de multa. Em circunstâncias qualificadoras, a pena pode aumentar de 12 a 30 anos de reclusão.

O inquérito foi concluído na sexta (14) e o conteúdo dele está sendo divulgado na tarde desta segunda em coletiva de imprensa conduzida pelo delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel. A questão da sanidade mental, segundo o investigador, será enfrentada apenas na fase judicial. Antes, a polícia tinha cogitado pedir o exame ainda na fase do inquérito.

Com a conclusão da investigação, o Ministério Público tem até cinco dias para oferecer a denúncia contra o homem à Justiça estadual. O processo deve tramitar na 2ª Vara Criminal de Blumenau e sob sigilo, por se tratar de um caso envolvendo vítimas menores de idade.

O criminoso está preso na Penitenciária Regional de Blumenau. A reportagem procurou a Defensoria Pública de SC para saber se o indiciado já tem defesa constituída no caso, mas ainda não teve retorno. Ele já tinha quatro passagens pela polícia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.