Descrição de chapéu internet

Loja do Google tira do ar jogo chamado Simulador de Escravidão

Na loja virtual, aplicativo é qualificado como entretenimento; usuários pedem mais opções de castigos; após repercussão, jogo foi excluído

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São Paulo

Está disponível na Play Store, a loja do Google para aplicativos de celular, um jogo chamado Simulador de Escravidão. Nele, os jogadores podem comprar escravos, praticar castigos físicos, enriquecer com o trabalho deles e evitar rebeliões e fugas.

A imagem que ilustra o jogo na loja é a de um homem negro, sem camisa, ao lado de um homem branco bem vestido, de chapéu.

O jogo foi lançado no último dia 20 de abril e conta com mais de mil downloads, além de diversas avaliações positivas.

Na descrição, que está disponível para Android, consta que é "o melhor simulador de proprietários de escravos e comércio de escravos".

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Jogo Simulador de Escravidão, disponível na Play Store, do Google - Reprodução

A Folha entrou em contato com a Magnus Games, desenvolvedora do aplicativo, mas não recebeu retorno. Na loja virtual, o estúdio diz que aplicativo é apenas para entretenimento. "Condenamos a escravidão no mundo real."

Após a publicação, o Google respondeu que o aplicativo foi removido do Google Play e que tem um conjunto de políticas que visam manter os usuários seguros e que devem ser seguidas por todos os desenvolvedores.

"Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas", afirmou o Google em seu posicionamento.

O aplicativo não consta mais na loja, mas continua funcionando para quem já realizou o download.

"Neste simulador de escravidão existem três tipos de escravo: trabalhadores, gladiadores e escravos de prazer. Compre e venda-os. Cada escravo é adequado para um determinado negócio. Treine seus escravos para aumentar seu nível de maestria e renda", afirma a descrição do jogo.

No aplicativo é possível diminuir a alimentação dos escravos, entre outras opções.

Na avaliação dos usuários, o jogo recebeu nota quatro (de um total de cinco) e conta com vários comentários favoráveis à prática da tortura.

"Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam instalar a opção de açoitar o escravo também. Mas fora isso, o jogo é perfeito", escreveu um usuário.

"Muito bom mesmo, retrata bem o que eu gostaria de fazer na vida real", afirmou outro.

"O jogo em si é bom, mas as vendas devem ser melhoradas e os escravos estão muito bem. Devem sofrer um pouco a mais e trazer mais lucro, de resto está ótimo", avaliou outro.

REPRESENTAÇÃO

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) classificou o jogo como "criminoso" e usou uma rede social para dizer que vai fazer uma representação no Ministério Público.

"A Play Store, loja de aplicativos do Android, tem um "jogo" chamado SIMULADOR DE ESCRAVIDÃO, no qual a "brincadeira" consiste em comprar, vender, açoitar pessoas negras escravizadas. É desumano, nojento, estarrecedor. É CRIMINOSO. Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis", afirmou.

O Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) do Ministério Público emitiu nota nesta quarta-feira em que afirmou ter iniciado investigação.

O órgão também deu prazo de 24 horas para o Google informar seu o jogo foi retirado da loja virtual. A empresa deverá informar também documentos e cópia do procedimento interno administrativo de solicitação de aprovação feito pelo desenvolvedor.

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