Descrição de chapéu Obituário Antonio Lamberti (1930 - 2023)

Mortes: Amava o conhecimento, da botânica ao direito

Antonio Lamberti foi professor da USP e traduziu livros

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São Paulo

Antonio Lamberti sabia consertar qualquer coisa em casa. A sua oficina e as suas ferramentas, das quais tinha grande orgulho, eram mais completas que as de muitos profissionais.

Seu primeiro emprego foi numa farmácia. Depois, estudou história natural na USP, onde construiu extensa carreira como professor do Instituto de Biociências, e dali foi longe, guiado pelo amor ao conhecimento.

Antonio Lamberti (1930 – 2023)
Antonio Lamberti (1930 – 2023) - Arquivo pessoal

Paulistano, filho de Octavio e Ermelinda Lamberti, Antonio morou na Liberdade quando criança. Ao se casar com Lidia, que conhecera na época da faculdade, mudou-se para o Butantã. A união entre os dois durou 53 anos e gerou quatro filhos: Anelisa, Lúcia, Marília e Toni.

"Nós morávamos a um quarteirão da USP. Era no campus que o nosso pai nos levava a andar de bicicleta, passear de buguinho e assistir a corridas de motocross", conta a advogada Lúcia Baungartner Lamberti, 60, sua filha.

As crianças conheceram a praia em Itanhaém (a 106 km de São Paulo), mas não a passeio. Antonio foi um dos primeiros estudiosos de mangues, assunto de sua tese de doutorado apresentada em 1966.

A primeira viagem da família ao exterior também ocorreu devido ao trabalho. Como bolsista da Fundação Fulbright, ele foi pesquisador na universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Antonio foi um dos primeiros brasileiros a pesquisar ecologia ao lado do mestre Mario Ferri, segundo a filha Lúcia. Os dois traduziram, editaram e publicaram "Uma Terra Somente", que reúne os primeiros diálogos internacionais sobre meio ambiente.

Ao longo da carreira, traduziu muitos livros sobre botânica e ecologia. Por um deles, recebeu o Prêmio Jabuti, em meados de 1988.

A busca pelo saber foi além das biociências. Na adolescência das filhas mais velhas, estudou direito na USP, ao lado de Lúcia. Foi aluno exemplar. Da graduação seguiu para o mestrado em direito processual penal.

Comer bem era um grande prazer para ele. Cresceu com as delícias da sua mãe Ermelinda, como vôngoles e alcachofras. Com a sogra Neta aprendeu a amar cuscuz paulista e t-bone.

Nos sábados em família fazia o tour gastronômico: após visitar a mãe ia atrás de pão italiano, linguiça calabresa e sardela –queria os melhores da cidade.

Gostava de ópera e, ainda mais, do Palmeiras. Guardava com carinho três camisas assinadas pelos jogadores de campeonatos em que o time saiu campeão.

Antonio Lamberti morreu dia 14 de maio, aos 92 anos, após parada cardiorrespiratória. Há anos, convivia com mal de Parkinson. Estava internado desde 4 de fevereiro no Hospital São Luiz. Viúvo, deixa os filhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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