Moradores de Miracatu (SP) que possuem celulares com sistema Android receberam na manhã desta sexta-feira (16) um alerta do tremor de terra registrado na região.
Vídeos compartilhados na internet mostram que, por volta das 8h20, chegou à tela dos aparelhos a imagem de um mapa indicando o epicentro do tremor e a magnitude estimada de 4.7. Segundo o Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo), a magnitude do evento foi de 4.0.
O sistema de alerta foi criado em 2020 e funciona de duas maneiras. Nos estados americanos da Califórnia, Washington e Oregon, há uma parceria com a equipe do ShakeAlert, que usa uma rede de 1.675 sensores para detectar tremores e envia um sinal para o sistema de alertas do Android, que dispara a informação para os usuários.
Em outros locais —o serviço está disponível em mais de 90 países—, o alerta é baseado nos dados coletados continuamente pelos aparelhos. De acordo com o Google, os celulares possuem acelerômetros que captam vibrações e velocidades, informações que permitem identificar tremores.
Funciona assim: cada aparelho coleta dados locais, como se fosse um mini sismógrafo, e o servidor combina as informações de vários celulares para determinar se está ocorrendo um tremor. Atualmente, são mais de 3 bilhões de celulares Android em funcionamento, criando o que o Google chama de "maior rede de detecção de terremotos do mundo".
Confirmada uma vibração com magnitude igual ou superior a 4.5, o sistema tem duas formas de notificar a situação. Em caso de tremores mais leves, surge uma tela como a observada pelos moradores de Miracatu, indicando a existência do evento sísmico e sua dimensão.
Já no caso de tremores de maior magnitude, como 6.0, surge um aviso na tela informando a necessidade de buscar abrigo e é disparado um alerta sonoro.
O objetivo, diz o Google, é oferecer a informação segundos antes do evento sísmico e dar algum tempo para as pessoas procurarem um local seguro.
Para ativar ou desativar os alertas em um celular Android, vá até Configurações e toque em Segurança e Emergência. Em seguida, selecione Alertas de terremoto e habilite/desabilite a função. O sistema só funciona se o wi-fi ou os dados móveis estiverem ativados, assim como a localização do aparelho.
De acordo com o diretor de Comunicação da Defesa Civil do Estado de São Paulo, capitão Roberto Farina, o órgão procurou o Google nesta sexta para entender melhor a tecnologia e verificar a possibilidade de incorporá-la às ferramentas de monitoramento de abalos sísmicos.
"Temos uma parceria com o Waze, também do Google, para alagamentos e enchentes e aproveitamos esse contato com a empresa para iniciar a conversa [sobre os alertas de terremotos]", conta.
Como se proteger
Os abalos sísmicos têm diferentes níveis e, no Brasil, são raros aqueles com magnitude superior a 5.0.
Eventos de magnitude até 3.5 são quase imperceptíveis; entre 3.5 e 5.4, eles são sentidos, mas raramente geram danos; de 5.5 a 6.0, podem gerar pequenos danos a prédios e casas; e a partir de 6.1 podem provocar mortes e a destruição de grandes áreas, explica Farina.
Ele afirma que é natural ficar com medo durante um tremor de terra, mas é fundamental tentar manter a calma. O segundo passo, diz, é ficar distante de locais com utensílios e móveis que possam cair, como cômodas e armários.
"Tremores de até 5.4 não costumam provocar rachaduras profundas nas paredes, mas podem ocorrer fissuras, então é importante checar o surgimento de trincas", orienta Farina.
Se o evento ocorrer enquanto estiver dirigindo, a recomendação é reduzir a velocidade e estacionar assim que possível. "Se o abalo sísmico persistir, é importante deixar o carro e procurar um local mais seguro porque postes e árvores na calçada podem cair".
O mesmo vale para pedestres: o conselho em caso de tremores mais intensos é deixar as calçadas e buscar uma área mais aberta.
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