Policiais civis do 6° DP (Cambuci) de São Paulo estão nas ruas na tentativa de localizar o casal proprietário de uma escola no Jardim da Glória, na zona sul, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça por suspeita de tortura, maus-tratos e submeter seus alunos a situação vexatória.
Até por volta das 15h desta segunda (26), o homem e a mulher não haviam sido localizados, de acordo com a Polícia Civil. O pedido de prisão temporária (30 dias) foi feito pelo delegado Fábio Daré na quinta-feira (22).
A investigação teve início após professores e pais denunciarem agressões físicas e verbais contra as crianças, gravadas em vídeos.
A reportagem telefonou e encaminhou mensagem de texto para a advogada Fabiana Cayres, que defende o casal, mas ela não se pronunciou até a publicação deste texto.
Na sexta (23), Cayres disse que não tinha tido acesso às informações da polícia sobre o caso e afirmou que os donos da escola "negam veementemente as acusações, são totalmente inocentes".
O casal ainda não foi ouvido pela polícia, de acordo com o delegado.
O CASO
O delegado Daré afirma que soube no último dia 19 de um boletim de ocorrência contra os proprietários. Desde então, foram ouvidas duas funcionárias e 12 mães —de alunos com idade de 1 ano e 8 meses a 6 anos.
De acordo com a polícia, as mulheres que lidavam com os alunos afirmaram que discordavam das atitudes dos donos da escola e que não chegaram a receber salário.
Ainda segundo o delegado, há indícios de "violência psicológica" contra as crianças.
"Colocar uma criança de 1 ano e 8 meses dentro de um quarto escuro por horas. Colocar uma criança com incontinência urinária sentada num balde para urinar e defecar ali, para não sujar a escola. Colocar essa mesma criança num ralo para fazer as necessidades pessoais dela. Amarrar uma criança num pilar. Esses elementos me levaram a crer que houve tortura na escola", disse Daré na sexta.
"As oitivas delas foram muito concatenadas, uma bateu com a outra", acrescentou.
Em uma imagem a que a reportagem teve acesso, uma criança aparece amarrada a um poste com as mangas da própria blusa que vestia. A medida seria um castigo imposto por fazer xixi nas roupas.
Suspeita-se que apenas os donos do colégio agrediram as crianças, segundo o delegado. Não há indícios, de acordo com ele, da participação de professores.
Uma ex-funcionária, que trabalhou na escola em 2016, procurou a delegacia após a repercussão do caso e relatou ter presenciado situações de maus-tratos enquanto esteve na unidade.
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