Descrição de chapéu Obituário Neyde Fonseca Chatagnier (1937 - 2023)

Mortes: Carismática, não perdia o otimismo nas horas ruins

Neyde Fonseca Chatagnier conviveu com dramas familiares, mas tinha paixão pela vida

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São Paulo

Neyde Fonseca Chatagnier, paulistana nascida em 1937 e criada no bairro da Lapa, dedicou seus dias aos familiares e à comunidade. Dona Neyde, como era conhecida, nunca abandonou a paixão pela vida durante seus 85 anos, mesmo enfrentando episódios doloridos junto dos filhos.

O neto Caio Chatagnier Cavechini, jornalista e documentarista, conta que ela era filha de um dono de casas lotéricas divertido e falador, cuja animação característica, ele afirma, muito se assemelha ao espírito de Neyde. A mãe, por outro lado, era uma pessoa mais reservada.

Uma senhora sorridente apoiada no parapeito da varanda de casa
Neyde Fonseca Chatagnier (1937 - 2023) - Arquivo Pessoal

"Ela [Neyde] era o tipo de idosa que ia dançar no meio da pista com os mais jovens", diz Caio. "Era simpática com todo mundo e tinha esse magnetismo do carisma."

Segundo ele, todas as escolhas da avó continham dedicação a serviço dos familiares e da vizinhança da Lapa, bairro onde teve um açougue e depois uma pensão ao lado do marido, após um período em que trabalhou como manicure. Foi nessa época que clientes e vizinhos passaram a chamá-la de Dona Neyde, apelido que a tornou uma referência no bairro.

Com a simpatia e o magnetismo de Neyde, sua casa virou um ponto de encontro —e enredo de filme. Em 2011, Caio lançou o curta-metragem "A Casa da Vó Neyde", que circulou na Mostra Internacional de São Paulo daquele ano. Porém, durante as gravações, afirma o neto, um episódio chamou atenção para um dos dramas vividos por ela.

"Ela acabou expulsando meu tio de casa, para internação por vício em bebida alcoólica", conta.

Mãe de três filhos, dois homens e a mãe de Caio, Neyde acompanhou o tratamento do filho mais velho contra a Aids no início da década de 1990. O neto afirma que a avó ficou mais de um ano em casa com ele durante o tratamento.

"Ela viu o filho ficando magro, doente e, mesmo assim, sempre conservou o otimismo", disse.

Já os cuidados com o quadro de dependência química do filho mais novo a levaram a enfrentar outra batalha: "Nesse período, ela demonstrou grande coragem, mas não gostava de falar e tentou carregar esse peso sozinha".

Neyde tinha um Fusca azul, mas não gostava de andar sozinha com ele em regiões com ladeiras. "Ela dirigia com uma lista telefônica no tapete do carro para apoiar o pé —ela tinha 1,42 m. E preferia dar uma volta na cidade para não pegar ladeira. Ela tinha pavor de ladeiras", disse.

As complicações decorrentes de um câncer no duodeno a fizeram se mudar para a casa da filha, Solange, em Perdizes.

Neyde morreu dentro de casa no dia 19 de maio, em decorrência do câncer, aos 85 anos. Viúva, deixa a filha e netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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