Descrição de chapéu Obituário José Bete (1942 - 2023)

Mortes: Sapateiro, foi exemplo de amor e respeito em Sorocaba

Irmão do ator Paulo Betti, José Bete consertou sapatos e fez amizades por 50 anos no interior de São Paulo

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São Paulo

Nascido na pequena Rafard (9.126 habitantes em 2021) quando a cidade do interior paulista ainda era um distrito de Capivari, José Bete veio de uma família numerosa. Ao todo, os pais Ernesto e Adelaide tiveram 15 filhos, mas apenas 7 deles sobreviveram. Zé, como era chamado, era o penúltimo, dez anos mais velho que o irmão mais famoso, o ator da Globo Paulo Betti, 70.

Paulo explica que os sobrenomes deles eram diferentes porque os pais não sabiam ler e o escrivão do cartório registrou como entendeu. O avô paterno italiano tinha o sobrenome Bet, porém os filhos foram registrados como Bete e Beti. Paulo usa Betti com dois "T" como nome artístico inspirado no sobrenome de uma atriz italiana. Ele próprio possui cidadania italiana, na qual está registrado como Bet, como seu avô.

Em 1955, quando Zé tinha 13 anos, ele se mudou com a família para Sorocaba e, pouco tempo depois, começou a trabalhar como auxiliar do sapateiro José Vozo, com quem aprendeu os detalhes do ofício que exerceu até o fim da vida.

José Bete (1942 - 2023) e o irmão Paulo Betti
José Bete (1942 - 2023) e o irmão Paulo Betti - Reprodução Instagram

Ele chegou a fazer teatro amador no Sesi de Sorocaba, mas seguiu mesmo no ramo do conserto de calçados. Por volta dos 25 anos, conta Paulo, o irmão assumiu o comando da sapataria na rua da Penha, no centro da cidade.

Na mesma época, conheceu sua futura mulher, Maria Aparecida, com quem teve quatro filhos.

Após um período de prosperidade, no qual fez muitos clientes e amigos, os negócios começaram a perder força com a chegada dos tênis, o que levou as pessoas a reduzirem dramaticamente o uso sapatos. Nessa fase, Maria Aparecida foi de grande importância para Zé, ajudando na transição do sapato para a confecção de bolsas.

"Eu ia visitá-lo na sapataria e ficava atrás do balcão fingindo que era ele, para surpreender os fregueses. E ríamos", lembra Paulo. "E eu tentava fazer que ele cobrasse metade do valor do conserto adiantado. Ele tinha dó de cobrar. Ficavam montanhas de sapatos e bolsas que os fregueses não vinham buscar. O prejuízo era da mão de obra e material."

Paulo conta que Zé sempre torceu para o Corinthians, mas, de uma hora para outra, tornou-se são-paulino, sem explicar o motivo, embora continuasse a assistir aos jogos do São Bento de Sorocaba. "Eu acho que decifrei o segredo: na verdade, o coração dele era mesmo do São Bento!", diz Paulo, destacando que adorava falar de política com o irmão. "Ele tinha uma foto, da qual se orgulhava, com o Lula metalúrgico na sapataria dele."

"Aliás, Lula deveria decretar três dias de luto eterno pelo passamento do Zé. Se ele não o faz, por óbvio, nós todos o fazemos! Nós todos que amamos o Zé e vamos tê-lo pra sempre como exemplo de amor, respeito e dignidade! Zé foi o santo que todos nós tivemos a sorte de conhecer nessa terra!", afirma Paulo.

Há dois anos, Zé começou a se tratar de um problema na próstata, porém, um ano depois, os médicos descobriram que ele estava, na verdade, com um câncer na bexiga. Ele fez o tratamento indicado, mas não conseguiu se curar.

Zé morreu no dia 15 de maio, aos 80 anos, em Sorocaba. Ele deixa os filhos José Roberto, Fabiano, Douglas e Ernesto, os netos Igor, Vinícius, Thaynara e Ana Beatriz, e os irmãos Paulo Betti e as gêmeas Aparecida e Maria, 87.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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