Cápsulas de balas usadas para matar Marielle foram jogadas em linha do trem, diz delator

Élcio de Queiroz diz em depoimento que Ronnie Lessa temia que os projéteis estivessem com suas digitais

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São Paulo

O ex-policial militar Élcio de Queiroz afirmou, em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco, teria se preocupado ao descartar, numa linha de trem, as cápsulas das balas usadas no crime.

Isso porque o PM reformado teria, segundo Queiroz, carregado a arma sem usar luvas. As cápsulas foram descartadas em um estojo, junto com a placa picotada do carro usado para o assassinato, um Cobalt prata.

A declaração foi dada no acordo de delação firmado por Élcio, que levou a Polícia Federal a prender o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, suspeito de participação na morte da vereadora em 14 de março de 2018.

foto mostra marielle franco discursando, usa camisa amarela e segura microfone com a mão direita. atrás dela, balões dourados formam a palavra mulher
A vereadora Marielle Franco, morta em 2018 - Reprodução/@marielle_franco no Instagram

Segundo o depoimento, Maxwell e Lessa foram até a casa de Élcio, no Engenho de Dentro, na zona norte carioca, no dia seguinte ao assassinato para se livrarem do carro. Decidiram fazer o serviço na casa de Élcio, já que a garagem dele era fechada, com telhado. Ele também afirmou à PF e ao Ministério Público que se desfez do arquivo com imagens das câmeras de segurança da casa.

"Deu certinho o carro ali, a casa da minha mãe na frente, que tá alugada agora e estava em obra na época", disse Élcio. Segundo o depoimento, Ronnie entregou novas placas a Élcio e Maxwell, que retiraram as placas traseira e frontal do Cobalt.

Ainda neste momento, eles teriam feito uma varredura no carro para buscar cápsulas que sobraram dos disparos da noite do crime.

Eles levaram as placas para a sala da casa da mãe de Élcio, em obras. "Fomos na sala da casa da minha mãe; ficamos lá e eles cortando pedacinho por pedacinho da placa." Os restos da placa foram colocados em um saco plástico.

Élcio afirma que Maxwell foi quem conseguiu uma placa nova para os veículos. O trio se dividiu: Élcio dirigiu o carro de Ronnie, que sentou no banco de carona, e Maxwell dirigiu o carro usado no crime.

"Fomos no sentido Rocha Miranda [zona norte], beirando a estação Engenho de Dentro, Quintino; foi aí nesse meio do caminho que fomos beirando o muro e o Ronnie foi despachando a placa."

No depoimento, Élcio diz que Ronnie ia jogando os restos da placa por cima do muro, para que caíssem na linha do trem. "E uma coisa quase praticamente impossível de achar; até porque a linha do trem tem muito cascalho."

Já as cápsulas foram motivo de preocupação porque Ronnie havia carregado a arma sem luvas. Mas, segundo Élcio, ele afirmou que não precisava usar porque o calor impediria a checagem das digitais.

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