Ciclone no Sul deixa um morto, 20 feridos e mais de 1 milhão sem energia

Com ventos de 140 km/h e pouca chuva, fenômeno afeta estados do Sul ao longo desta quinta-feira

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Porto Alegre

A passagem de um ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul desde a noite de quarta-feira (12) causou morte e estragos em dezenas de cidades. Conforme boletim da Defesa Civil gaúcha ao final da tarde desta quinta-feira (13), 52 municípios do estado tiveram prejuízos. Santa Catarina também teve problemas, assim como o Paraná.

Ao todo, mais de 1 milhão de pessoas estão sem energia na região Sul —200 mil em Santa Catarina, 746 mil no Rio Grande do Sul e 173 mil no Paraná.

Árvore foi arrancada pelas rajadas de vento do ciclone extratropical em Caxias do Sul, uma das 52 cidades do RS afetadas. Foto: SMOSP / Divulgação

O ciclone é o terceiro a afetar o Sul do Brasil em menos de um mês, o segundo com gravidade. Diferentemente do ciclone de 15 de junho, que matou 16 pessoas e foi marcado pela grande quantidade de chuva, o fenômeno desta semana foi marcado pelas fortes rajadas de vento em mais de metade do território gaúcho.

Desta vez, o ciclone causou uma morte em Rio Grande, no sul do estado. A vítima, um homem de 68 anos, estava em sua residência no bairro Maria dos Anjos quando foi atingida por uma árvore. As rajadas de vento na cidade chegaram a 140 km/h.

Conforme a Defesa Civil, além do óbito houve também 24 feridos, mas nenhum com gravidade. Foram 261 pessoas desabrigadas e 343 desalojadas. O número de gaúchos atingidos de alguma forma pelo ciclone foi de 3,9 milhões –mais de um terço da população do RS. Em Sede Nova, no noroeste do estado, pelo menos 500 residências foram destelhadas e 12 pessoas se feriram. A cidade decretou calamidade.

Pelotas, também no sul do RS, foi um dos cenários mais críticos. Ao final da tarde desta quinta-feira, a cidade de 325.689 habitantes tinha mais de 120 mil clientes sem energia elétrica em razão de quedas de árvores sobre a fiação. Conforme a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), a falta de energia generalizada na cidade afetou também as estações de tratamento de água e as casas de bomba, comprometendo o abastecimento e a drenagem na cidade.

No litoral, a estrutura da tradicional Festa do Peixe, em Tramandaí, foi destruída. No litoral, a estrutura temporária de acesso a Caraá foi comprometida.

Conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o fenômeno perde força nesta sexta-feira (14), conforme avança para o oceano. Ao longo do dia, rajadas poderão ainda ser sentidas no litoral de SC, que segue em alerta laranja para vendavais, e nos estados do Sudeste. Passado o ciclone, o Sul deverá receber uma frente fria, com chance de neve na divisa entre RS e SC.

Queda de árvore atinge casa e carro em Chapecó, no oeste de Santa Catarina - Defesa Civil de Chapecó/Divulgação

Conforme as duas concessionárias de energia que atendem o Rio Grande do Sul, mais de 825 mil residências ficaram sem energia. Ao final da tarde de quinta-feira, a concessionária CEEE-Equatorial ainda tinha 695 mil clientes sem energia, sendo as regiões mais afetadas a sul, litoral norte e metropolitana de Porto Alegre.

Pela manhã, a concessionária RGE anunciou 110 mil clientes sem luz. Ao final da tarde o número caiu para 51 mil, especialmente na serra gaúcha.

Embora a chuva tenha parado ao longo do dia, ainda há preocupação com o efeito retardado do curso das águas, que provoca a cheia de rios nos dias seguintes. Em São Sebastião do Caí, a prefeitura removeu famílias ribeirinhas do rio Caí, que chegou a 12 metros de altura, mais de 10 metros do que o nível normal. No ciclone anterior, ocorrido em 15 de junho, a água chegou a 14 metros.

Conforme a Defesa Civil, o estado deve enfrentar inundações nos próximos dias às margens dos rios Caí e dos Sinos.

Conforme a Polícia Rodoviária Federal e a Empresa Gaúcha de Rodovias, havia dez bloqueios em rodovias gaúchas ao final da quinta-feira, sendo nove estaduais e um na BR-116 na altura de Nova Petrópolis.


Santa Catarina também foi afetada com força na madrugada desta quinta-feira. Em Chapecó, onde o vento chegou a 80 km/h, árvores caíram sobre carros e casas e placas foram arrancadas. Cinco rodovias foram bloqueadas ao longo do dia. Em Bom Jardim da Serra (SC), região de cânions na fronteira com o RS, as rajadas de vento chegaram a 146,9 km/h. Duas pessoas ficaram feridas no município de Navegantes.

Conforme a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), distribuidora de energia elétrica do estado, cerca de 300 mil clientes ficaram sem luz. Ao final da tarde, o número havia baixado para 200 mil.

No Paraná, 20 municípios foram afetados pela ventania, além das 173 mil pessoas sem energia, de acordo com a Companhia Paranaense de Energia.

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