Descrição de chapéu Folhajus

Justiça absolve Camilo Cristófaro de acusação de racismo por falar 'é coisa de preto'

Juiz entendeu que frase de vereador paulistano foi 'extraída de um contexto de brincadeira'; cabe recurso, e caso será discutido ainda em Corregedoria na Câmara

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São Paulo

A Justiça de São Paulo absolveu o vereador Camilo Cristófaro (Avante) da acusação de racismo. No dia 3 de maio do ano passado, o vereador foi flagrado em uma sessão de CPI na Câmara Municipal dizendo "não lavaram a calçada, é coisa de preto".

No dia, a reunião foi interrompida após a frase ter sido escutada no sistema de som da Câmara. Com a repercussão do caso, o Ministério Público de São Paulo denunciou à Justiça o vereador.

 O vereador de São Paulo Camilo Cristófaro (PSB), que foi absolvido de acusação de racismo após dizer 'é coisa de preto'
O vereador de São Paulo Camilo Cristófaro (PSB), que foi absolvido de acusação de racismo após dizer 'é coisa de preto' - André Bueno/CMSP/Divulgação

Em decisão publicada nesta quinta (13), o juiz Fábio Aguiar Munhoz entendeu que a fala do vereador foi retirada de um contexto de "brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha". A decisão é de primeira instância, e a Promotoria pode recorrer.

Munhoz argumentou ainda que seria necessário detalhar nos autos não apenas a fala do vereador, como também também a consciência e a vontade de discriminar. Caso contrário, afirma o juiz, "bastaria que se recortassem falas de seus contextos para que possível fosse a condenação de quem quer que fosse".

A vereadora Luana Alves (PSOL), responsável pela denúncia do caso, afirma que a absolvição a entristece, mas que ainda é possível agir na Justiça.

"Lamento essa decisão da Justiça. Entendo que nossa luta não termina aqui, é uma luta de longo prazo, contra o racismo em qualquer caso do legislativo", afirmou ela. "Não vamos nos calar, não vamos deixar de denunciar. O racismo acontece de diversas formas, tanto na não participação de pessoas negras nos espaços e não representação."

Procurado pela Folha, Cristófaro afirmou que "venceu a justiça e a verdade". Em nota, sua equipe afirma que todos que conhecem Cristófaro sabem que ele está sempre "rodeado de pessoas de diversas etnias e trata todos com igualdade".

Segundo a coluna Painel, o caso também será julgado na Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo, que marcou para 24 de agosto, às 14h, a reunião para discutir e votar o relatório final do processo contra o vereador.

Se houver condenação pelo órgão, que pode levar à cassação do mandato, o caso também terá de ser votado em plenário pelos 55 vereadores.

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