Descrição de chapéu Obituário João Clemente Baena Soares (1931 - 2023)

Mortes: Gravou seu nome na história da diplomacia brasileira

João Clemente Baena Soares foi o único brasileiro a ser secretário-geral da Organização dos Estados Americanos

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São Paulo

A vida de João Clemente Baena Soares se confunde com a história da diplomacia brasileira, da qual foi representante por mais de 40 anos.

Nascido em Belém (PA), em 1931, ele se mudou para o Rio de Janeiro aos 13 anos, onde deu início à carreira acadêmica e profissional. Em 1953, formou-se em direito pela PUC-RJ e foi diplomado pelo Instituto Rio Branco, Academia Diplomática Brasileira. Na sequência, realizou estágios de aperfeiçoamento na ONU (Organização das Nações Unidas) e na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Ainda em 1953 ele começa a sua trajetória no Serviço Exterior Brasileiro, atual Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), como terceiro-secretário. Nos anos seguintes, foi galgando postos até ser nomeado embaixador em 1976.

João Clemente Baena Soares (1931 - 2023) posa ao lado de estátuas de santos sobre uma mesa
João Clemente Baena Soares (1931 - 2023) - Ana Carolina Fernandes - 22.mar.05/Folhapress

Ele ocupou os cargos de secretário nas Embaixadas em Assunção (PAR), Lisboa (POR), Guatemala (Encarregado dos Negócios) e Bruxelas (BEL). E foi cônsul em Florença (ITA) e Conselheiro da Missão do Brasil perante a ONU.

Entre 1979 e 1984, foi o secretário-geral das Relações Exteriores do Brasil, função que deixou apenas para assumir como secretário-geral da OEA, entre 1984 e 1994, o mais elevado cargo já alcançado por um cidadão brasileiro em uma organização internacional.

"O legado de Baena Soares na OEA é inestimável. Há um antes e um depois de Baena Soares na OEA. A organização tal como a conhecemos hoje deve muito ao seu trabalho de multilateralista convicto, ao seu conhecimento de jurista de renome e à sua competência de diplomata veterano", diz o atual secretário-geral da entidade, o uruguaio Luis Almagro, em nota.

Após a passagem pela OEA, ele fundou o Centro Brasileiro de Relações Internacionais, foi membro da Comissão de Direito Internacional da ONU; membro e presidente da Comissão Jurídica Interamericana e um dos 15 membros do Painel de Alto Nível criado pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para analisar as ameaças, desafios e mudanças no mundo após o atentado de 11 de setembro, que produziu o relatório "Um Mundo Mais Seguro" em 2004.

Baena Soares possui os títulos de doutor honoris causa pela Universidade do Québec, no Canadá, pela Universidade Federal do Pará (UFP) e pela Universidade Federal de Pelotas (RS). Também atuou como professor de pós-graduação na PUC-RJ e na Universidade Candido Mendes (RJ).

Com a vida ligada à diplomacia, Baena Soares teve três filhos com Gláucia de Lima Baena Soares, e todos seguiram a carreira. Claudia, 66, é casada com diplomata e foi embaixatriz do Brasil na Guatemala e na Finlândia; Clemente, 64, assume em breve a embaixada do Brasil no Peru; e Rodrigo, 59, é o atual embaixador na Rússia.

"Meu pai nos deixa um legado de retidão pessoal, de amor ao Brasil e de paixão pela cultura", diz Rodrigo. "Dos seus traços mais característicos, até os seus últimos dias de vida, sempre estava lendo um livro, de preferência acompanhado de uma tigela de açaí, do seu sempre lembrado Pará."

Viúvo, João Clemente Baena Soares morreu no dia 7 de junho, no Rio de Janeiro, aos 92 anos. Ele deixa os três filhos e seis netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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