Descrição de chapéu Obituário Maria Holanda Lopes Carvalho (1939 - 2023)

Mortos: Octogenária, fez da educação sua bandeira

A professora de artes Maria Holanda Lopes Carvalho lutou pela categoria depois de se aposentar

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São Paulo

Já passadas oito décadas de vida, Maria Holanda Lopes Carvalho não tinha a mesma energia. A fala já se confundia com sussurro. Locomovia-se lentamente. Contudo, fazia questão de estar presente em todas as assembleias do Sindicato dos Professores do Distrito Federal. Era sempre aclamada e devolvia o carinho com um sorriso tímido, mas carregado de emoção.

Professora de artes por 30 anos na rede pública de Taguatinga (cidade-satélite de Brasília), Maria inicialmente planejou descansar ao aposentar-se em 1998. Não deu. Decidiu buscar melhores condições para os colegas ainda na ativa. Ela sabia como ninguém se reconhecer em sua categoria e, sobretudo, lutar por ela.

"A gente ia para piquetes com professores em Taguatinga, ela ia junto. Fazia questão de ir a todas as escolas e sempre discursar. E não bastava visitar o máximo de escolas possíveis, para Maria isso não era suficiente. Deveríamos ir a todas as escolas da região", relata Silvia Canabrava, amiga e sindicalista.

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Maria Holanda Lopes Carvalho (1939-2023) - Sinpro/DF

Nascida no Ceará em 9 de fevereiro de 1939, a mulher partiu ainda pequena com a família para a Paraíba. Lá, se graduou. Em 1975, foi para o Distrito Federal em busca de melhores condições de vida. Logo, era responsável pela formação artística de centenas de jovens.

Suas aulas eram mágicas. Conseguia transmitir seu conhecimento enquanto divertia a todos. Sorria, abraçava, corria. O ambiente escolar a tornava jovial.

Os agraciados com a instrução de Maria nunca puderam esquecê-la. O biólogo Fernando Ferreira, 52, visitava sua ex-professora sempre que possível. Entre um café e outro, riam dos tempos de sala de aula. "Ela sempre dizia ter orgulho de todos os seus pupilos. Amava nos guiar", diz Ferreira.

Seu trabalho também não foi esquecido por parte do poder público. Ela recebeu os títulos de cidadã honorária de Taguatinga, em 2011, e de Brasília, em 2013. Adorava falar das honrarias. Sentia-se amada. Os olhos gotejavam e, mansamente, dizia desejar ser professora em todas as encarnações.

Os últimos meses de vida de Maria foram difíceis. Muito debilitada, estava internada havia quatro meses. Nos últimos dois, em coma. Contraiu uma sequência de infecções no período e, em razão delas, morreu no último dia 11 de junho, aos 84 anos. Ela deixa dois filhos, Jaqueline e Jodelmá, e nove netos. A professora teve dois outros filhos, Josceline e Joselito, já mortos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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