Sete haitianos estão entre trabalhadores mortos em explosão no PR

Segundo cooperativa, imigrantes eram temporários; causas do incidente nos silos de milho e soja são investigadas

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Curitiba

Dos oito trabalhadores mortos na explosão ocorrida nesta quarta-feira (26) na cooperativa C.Vale, em Palotina (PR), sete são haitianos, segundo a Polícia Civil.

As vítimas foram identificadas como Reginald Gefrard, 30, Jean Ronald Calix, 27, Michelete Louis, 41, Jean Michele Joseph, 29, Eugênio Metelus, 53, Donald St Cyr, 27, e Alfred Lesperance, 44 anos.

Outra vítima identificada é o brasileiro Saulo da Rocha Batista, 54. Uma pessoa segue desaparecida desde a explosão.

Vista aérea da explosão na cooperativa C. Vale, em Palotina (PR) - Divulgação Corpo de Bombeiros do PR via Reuters

"A identificação foi feita a partir da coleta e confronto de digitais. A Polícia Civil segue realizando todas as diligências cabíveis", diz a polícia em nota.

De acordo com a C.Vale, Saulo trabalhava há 17 anos na cooperativa como assistente operacional. Ele deixa esposa e um filho de 27 anos. O corpo dele já foi liberado pelo IML (Instituto Médico Legal), e o velório acontece na funerária Bom Jesus, em Palotina.

Os trabalhadores do Haiti eram temporários e atuavam durante período da safra, segundo a cooperativa. Eles foram contratados via Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Cargas em Geral. Até a publicação, os corpos não haviam sido liberados pela Polícia Científica.

Em nota, o secretário da Justiça e Cidadania do Paraná, Santin Roveda, lamentou o acidente e disse que o "momento de tristeza é ainda maior pois pelo menos sete desses trabalhadores vieram do Haiti e escolheram o Paraná como o seu novo lar para suas famílias". A pasta de Roveda é responsável pela Política Estadual de Migrantes, Refugiados e Apátridas.

"Por meio do Centro Estadual de Informações para Migrantes, Refugiados e Apátridas, oferecemos todo apoio necessário aos familiares nesse momento de luto, e seguiremos trabalhando para que o Paraná continue sendo um Estado acolhedor", diz a nota.

De acordo com a C.Vale, que é uma das maiores cooperativas da América Latina, o acidente ocorreu no final da tarde e atingiu quatro silos. Eles armazenavam 12 mil toneladas de soja e 40 mil toneladas de milho.

De acordo com equipes do Corpo de Bombeiros, as vítimas foram encontradas nos túneis ligados aos silos. Com a explosão, algumas das estruturas de concreto dos túneis foram afetadas e eles ficaram obstruídos.

Embora as investigações sobre a explosão ainda estejam em andamento, equipes de bombeiros que trabalham no resgate das vítimas apontam que acidentes do tipo em silos podem ter ligação com o pó suspenso no ar, dentro de um ambiente confinado.

"Provavelmente é uma explosão por pó. É um ambiente confinado, extremamente perigoso. Existem partículas de pó em suspensão no ar. Estas partículas são combustíveis. Então, qualquer fagulha pode gerar uma explosão", disse o capitão Guilherme Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, durante entrevista à imprensa.

"Esta primeira explosão, próxima ao armazém de número 3, gerou a explosão nos outros armazéns próximos. Então temos quatro armazéns com estruturas colapsadas", disse Rodrigues sobre o caso na C.Vale.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, gravou um vídeo no qual afirma que "uma equipe técnica está trabalhando para apurar as causas deste acidente".

No mesmo vídeo, ele diz que o episódio é um "marco triste para a história da C.Vale" e que "os esforços da cooperativa estão sendo direcionados para o auxílio das vítimas e de seus familiares".

"Estamos consternados pela tragédia que feriu e tirou a vida de nossos trabalhadores", afirma ele.

Além de oito mortes, 11 pessoas ficaram feridas e foram levadas a hospitais.

Uma das pessoas feridas foi transferida ainda na noite de quarta para o Hospital Evangélico em Curitiba com um avião que realiza o serviço de transporte aeromédico no Estado.

Os corpos foram tirados dos escombros até a madrugada. Na manhã desta quinta, os trabalhos do Corpo de Bombeiros ficaram concentrados na retirada dos grãos de milho do silo 3 para que as equipes pudessem localizar mais vítimas.

"A retirada do milho é realizada de maneira mecânica de forma lenta e gradual e não será interrompida até o encerramento da operação", diz nota do Corpo de Bombeiros.

Autoridades se manifestam

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou em uma rede social sobre o acidente. "Gostaria de manifestar meus sentimentos e minha solidariedade aos trabalhadores e seus familiares, bem como a disposição do governo federal para auxiliar no que for necessário", afirma ele.

O governo do Paraná decretou luto oficial de três dias. O governador Ratinho Junior (PSD) está em viagem oficial aos Estados Unidos e lamentou o episódio. "O povo do Paraná é solidário aos familiares e amigos dessas vítimas que partiram enquanto estavam trabalhando", afirma ele.

O governador em exercício, Darci Piana, se deslocou para Palotina nesta quinta.

A Frente Parlamentar da Agropecuária, da Câmara dos Deputados, também divulgou uma nota de pesar. "Neste momento de dor e consternação, nos solidarizamos com as famílias das vítimas e com todos os colaboradores que foram vítimas desta terrível ocorrência", diz trecho.

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