Polícia indicia padre Airton Freire e mais dois por crimes sexuais

OUTRO LADO: Defesa de Airton Freire nega acusação e alega inocência do religioso; caso está sob sigilo

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Salvador

A Polícia Civil de Pernambuco indiciou quatro pessoas após concluir dois inquéritos relativos às suspeitas de crimes sexuais envolvendo o padre Airton Freire, 67, ligado à Fundação Terra de Pernambuco.

Além do padre, outras duas pessoas foram indiciadas por crimes sexuais. Duas delas, identificadas como Landelino Rodrigues da Costa Filho e Jailson Leonardo da Silva, eram funcionários da entidade religiosa. Ambos têm mandados de prisão em aberto e são considerados foragidos.

As defesas de Airton, Jailson e Landelino disseram que eles são inocentes e criticaram os pedidos de prisão preventiva.

Padre Airton Freire, da Fundação Terra, foi indiciado por crimes sexuais - Fundação Terra no Facebook

Um quarto funcionário da entidade religiosa, que não teve o nome não divulgado, foi indiciado por falso testemunho. Não há mandado de prisão contra ele.

O padre Airton Freire foi preso em 14 de julho na cidade Arcoverde, no sertão de Pernambuco, pouco mais de um mês após pedir afastamento da entidade depois de surgirem suspeitas de seu envolvimento em casos de estupro.

Dias depois, ele foi transferido para o Real Hospital Português, no Recife, após agravamento de suas condições de saúde decorrente de um princípio de acidente vascular cerebral.

Airton Freire é o criador da Fundação Terra, entidade que começou a funcionar em 1984 e presta atendimento à população nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Ao todo, foram instaurados cinco inquéritos relacionados ao caso, que correm em segredo de justiça. Dois foram concluídos, incluindo um relativo à denúncia de estupro feita pela personal stylist Silvia Tavares de Souza, primeira a levar as acusações a público.

Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (26), os delegados responsáveis pela investigação disseram que outras supostas vítimas do religioso procuraram a polícia nas últimas semanas após o caso vir a público.

Ao todo, o padre foi acusado de crimes sexuais por cinco pessoas, sendo quatro mulheres e um homem. Os crimes teriam sido praticados com a ajuda de funcionários da entidade religiosa.

"São mulheres que não se conhecem, e um homem também, que detalham de forma emocionada, demonstram dor em relembrar os fatos. Não há nenhum indicativo de que estão inventando, fantasiando algo sobre um homem, que, por elas, era tido como um homem santo", disse a delegada Andreza Gregório, responsável pela investigação.

De acordo com ela, todos os elementos coletados, incluindo depoimentos e outras provas técnicas, corroboram os depoimentos das supostas vítimas.

Mariana Carvalho e Marcelo Leal, responsáveis pela defesa do padre Airton Freire, afirmaram que existem provas técnicas, documentais e testemunhais, no âmbito dos dois inquéritos concluídos, que atestariam a inocência do religioso.

As provas, continuaram os advogados, não podem ser ainda reveladas pelo fato de as investigações estarem sob segredo de justiça. A defesa também disse que a Polícia Civil não se pronunciou sobre uma suposta tentativa de extorsão que teria sido praticada por uma alegada vítima do padre Airton.

Os advogados disseram que a prisão preventiva do padre fere a legislação brasileira e o direito internacional, pois o religioso "nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas, nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça".

A advogada Denyse Cely Mendes da Silva, que representa Landelino Rodrigues, afirmou que os fatos alegados serão, em momento oportuno, devidamente esclarecidos no âmbito do processo. "Ressaltamos que o investigado sempre respeitou as normas e leis que regem o país e possui conduta íntegra. Qualquer conclusão nesse momento será precipitada e temerária."

A defesa disse que Landelino, que é considerado foragido, "se resguarda ao direito de se pronunciar posteriormente, quando todos os fatos forem esclarecidos e a verdade, demonstrada".

A advogada Janayra Ferreira, que representa Jailson da Silva, disse que ele não tem histórico de conduta criminosa, que a decretação de sua prisão preventiva é infundada. Além disso, ela afirmou que ele está sendo "acusado injustamente de um crime gravíssimo e altamente estigmatizante" e que há provas de sua inocência nos autos que estão sendo desconsideradas.

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