Oficina onde estava carro de PM preso na cracolândia é suspeita de esconder drogas

Policiais civis apreenderam veículo particular do soldado após denúncia feita por integrante da Rota; dono do estabelecimento também está preso

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São Paulo

A oficina onde um carro particular de um policial militar foi encontrado com drogas é investigada pela Polícia Civil por suspeita de usar veículos de clientes como esconderijo de entorpecentes. O estabelecimento fica a um quarteirão do antigo endereço da cracolândia, no entorno da praça Júlio Prestes. O PM foi preso na última sexta (18).

Em depoimento, o soldado acusou o dono da oficina de ter usado seu veículo, que havia sido deixado para um conserto, para armazenar seis tijolos de maconha. O proprietário, por sua vez, acusa o militar de ter oferecido um dos tijolos da droga como pagamento em troca de esconder o veículo com os entorpecentes dentro da oficina mecânica.

PM foi preso após policiais civis terem encontrado drogas em seu carro particular dentro de uma oficina mecânica próximo da cracolândia
Policiamento na região da cracolândia, no centro de SP - Danilo Verpa - 16.ago.23/Folhapress

Apesar de não estar no local no momento da apreensão, o policial teve a prisão em flagrante convertida em preventiva (sem prazo). Ele foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, na sexta. O dono da oficina também continua preso.

A Folha apurou que a denúncia que levou à prisão do PM partiu de um integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). O militar atua no 13º Batalhão da Polícia Militar (13º BPMM), responsável pelo policiamento na região central e nas ruas tomadas pela cracolândia. Ele trabalha como motorista do carro oficial do tenente-coronel do 13º BPMM que também é investigado pela Polícia Civil.

Questionada sobre o suposto envolvimento do PM no tráfico de drogas na região da cracolândia, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que os detalhes serão preservados porque a investigação corre em segredo de Justiça. "A Polícia Militar ressalta que não compactua com desvios de conduta e toda denúncia recebida é apurada com rigor", informou em nota.

A pasta foi questionada também sobre a investigação a respeito do envolvimento do tenente-coronel do 13º BPMM no caso, mas não respondeu. Não houve comentário sobre a denúncia ter partido de um integrante da Rota.

A Folha não conseguiu contato por telefone com a oficina mecânica nesta quarta-feira (23). O número que consta no registro do estabelecimento na Junta Comercial não existe. Outro número divulgado na internet atribuído ao endereço cai em um escritório de contabilidade.

A defesa do policial militar também não foi encontrada devido ao sigilo do processo.

A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo declarou ter aberto um procedimento para acompanhar o caso, e que vai atuar com firmeza para que a verdade possa ser levada à sociedade.

Segundo o órgão, o Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1 (CPA/M1), responsável pela área do 13º batalhão, não encontrou qualquer indício de envolvimento do comandante da unidade com a droga encontrada.

A Polícia Militar voltou a atuar com mais destaque na cracolândia no início deste ano após a troca de comando do governo estadual e início da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). A mudança ocorreu depois da troca do delegado responsável pelas operações na cracolândia, que vinham sendo realizadas pela Polícia Civil e a GCM (Guarda Civil Metropolitana).

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