Descrição de chapéu chuva

Governo do RS anuncia decreto de estado de calamidade pública

Eduardo Leite diz que cenário de enchentes é 'desolador'; ele sobrevoou municípios do Vale do Taquari nesta quarta (6)

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Curitiba e Lajeado (RS)

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assinou nesta quarta-feira (6) um decreto de situação de calamidade pública em razão das enchentes no estado.

O decreto foi publicado em uma edição especial do Diário Oficial do Estado na noite desta quarta. Ele possibilita compras e obras públicas emergenciais, além de garantir formalizações para o recebimento de recursos federais.

À tarde, Leite afirmou que, em acordo com o Exército, cancelou os desfiles de 7 de Setembro em todo o estado. Para os desfiles do Dia da Independência, estava previsto o emprego de efetivo e viaturas das forças de segurança, que agora contribuem no apoio à população afetada pelas enchentes.

Em entrevista à imprensa, ele disse que se trata da "maior tragédia natural que se tem registro no Rio Grande do Sul" e que viu um cenário "desolador" após sobrevoar alguns municípios do Vale do Taquari, na região central do estado.

Prédios submersos
Imagens aéreas da enchente no rio Taquari em Lajeado (RS), nesta terça (5) - Portal Agora no Vale

Na manhã desta quarta, Leite sobrevoou a região junto com representantes do governo federal, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, e o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Ele disse ainda ter recebido um telefonema do presidente Lula (PT).

A Defesa Civil informou na noite desta quarta que o número de mortes em decorrência das chuvas no estado subiu para 37 no total.

As 37 mortes ocorreram em Muçum (14), Roca Sales (9), Lajeado (3), Estrela (2), Cruzeiro do Sul (3), Ibiraiaras (2), Passo Fundo (1), Mato Castelhano (1), Encantado (1) e Santa Tereza (1). As informações sobre o número de vítimas e as cidades onde elas moravam estão sendo revisadas constantemente pela Defesa Civil.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do RS, o Departamento Médico-Legal de Porto Alegre está fazendo uma força-tarefa para obter o reconhecimento de 22 vítimas. Todas são da região de Muçum e Roca Sales e foram encontradas entre a tarde de terça e a madrugada desta quarta.

"Essa operação está sendo realizada pela situação destas cidades que estão praticamente submersas. As demais vítimas estão sendo atendidas em suas regiões de origem mesmo", diz a pasta, em nota.

Também houve alteração no número de desabrigados (2.319) e de desalojados (3.575).

São 79 municípios no estado com registros de destruição causada pelas chuvas.

Segundo o governo do RS, há 18 rodovias com bloqueios totais ou parciais, em função do transbordamento dos rios.

Duas pontes foram destruídas pelas chuvas, uma na ERS-448, entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, e a outra na ERS-431, em Bento Gonçalves, no limite com São Valentim do Sul. Também houve queda de cabeceira da ponte sobre o Arroio Passo Novo, na RSC-377, em Cruz Alta.

As cidades mais afetadas pertencem ao Vale do Taquari. Com o volume das chuvas, o rio Taquari transbordou e atingiu imóveis e estradas.

A maior preocupação da Defesa Civil é com a situação dos municípios de Roca Sales e Muçum. Conforme as autoridades, o acesso ao primeiro só é possível por estradas vicinais. Relatos do local dizem que o cenário é de devastação, com 80% da cidade destruída e pessoas em estado de choque.

Muçum está totalmente inacessível por terra. Os dois municípios estão sem fornecimento de água e luz e há dificuldade em se comunicar por telefone ou internet.

O governador Eduardo Leite demonstrou preocupação com a previsão do tempo para os próximos dias. A chuva deu uma trégua nesta quarta, mas deve voltar ao estado neste feriado de 7 de Setembro.

"A preocupação é que, agora [quarta-feira, 6], o tempo firmou, mas, a previsão, a partir de quinta-feira, é voltarmos a ter chuvas aqui no estado, que vão começar pela região sul, mas que vão atingir também a região norte, onde as bacias hidrográficas já estão saturadas. O solo já está encharcado, os rios já estão cheios. Então qualquer volume de chuva que venha pela frente pode gerar novo comprometimento", disse o governador.

"Nossas equipes estão mobilizadas para fazer o atendimento e também os alertas para as comunidades. Muitas pessoas podem achar que voltar para casa seja seguro agora, porque o pior já teria passado, mas os rios podem voltar a subir rapidamente, se as previsões de chuva se confirmarem", afirmou ele.

Mais três aeronaves devem reforçar o trabalho de resgate de moradores nas regiões mais afetadas. De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, estão sendo aguardadas aeronaves dos governos de Santa Catarina e do Paraná e também do Exército.

Na manhã desta quarta, seis aeronaves já operam nos resgates, incluindo uma da Aeronáutica e outra da Marinha. Também há aeronaves do Corpo de Bombeiros, da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal.

O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina informou que mais de 20 bombeiros militares seguiram para o estado vizinho, com helicóptero, seis viaturas 4x4 e um caminhão de abastecimento.

O Governo do Paraná também vai mandar uma equipe do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas. Serão dois policiais militares e dois bombeiros militares.

No início da noite de terça, o governador do Rio Grande do Sul havia pedido ao governo federal que mais aeronaves pudessem atuar no resgate dos moradores. "A noite chegou, a temperatura caiu e há pessoas aguardando por socorro ao ar livre", escreveu ele, em uma rede social.

Com as casas invadidas pela água, o resgate tem sido feito pelo telhado. Os moradores resgatados estão sendo levados para abrigos organizados pelos municípios.

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