Descrição de chapéu Rio de Janeiro violência

Morre menina de 3 anos baleada em ação da PRF no RJ

Heloisa dos Santos Silva foi atingida por disparos na nuca e no ombro quando estava no carro da família; corporação diz que lamenta caso e presta apoio

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Rio de Janeiro e Salvador

Heloisa dos Santos Silva, 3, morreu às 9h22 deste sábado (16), após ter ficado nove dias internada em estado grave. A informação foi confirmada pela prefeitura de Duque de Caxias (RJ), que informou que a criança morreu após uma parada cardiorrespiratória irreversível.

A menina foi baleada na nuca e no ombro durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.

A criança estava na unidade de tratamento intensivo do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, para onde foi levada depois de ter sido ferida. Quando foi atingida pelos disparos, ela estava com a família indo para casa, em Petrópolis, na região serrana.

Heloisa de 3 anos é uma menina de cabelos pretos e cacheado
Heloisa dos Santos Silva, 3, foi baleada enquanto passava de carro com a família no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, Baixada Fluminense - Reprodução/Arquivo pesssoal

De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava, na altura de Seropédica, na Baixada. Os agentes abriram fogo após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.

No carro, além de Heloisa, estavam seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pela Corregedoria-Geral da PRF.

Segundo a equipe médica que atendia a menina, Heloisa tinha vários orifícios de entrada por perfuração de arma de fogo. Ao menos dois tiros a atingiram: um deles no ombro e outro na nuca, que se fragmentou. O número exato de disparos só vai ser informado após perícia.

Os três policiais envolvidos na morte de Heloisa foram afastados de suas funções. A arma de onde teria partido o disparo foi apreendida. O procurador à frente das investigações, Eduardo Benones, também pediu o recolhimento do restante do arsenal para ser enviado à perícia da PF.

Nesta sexta-feira (15) , Ministério Público Federal pediu a prisão dos agentes da PRF. No pedido de prisão, o procurador Eduardo Benones alegou que há elementos concretos que apontam para a tentativa de homicídio – o pedido foi feito antes da morte da menina.

"Este caso tem muitos elementos concretos. Estamos preocupados com integridade das vítimas e entendemos que a liberdade dos agentes pode trazer prejuízo para as investigações", afirmou o procurador à Folha.

O MPF ainda defendeu que, caso não seja acatado o pedido de prisão, sejam adotadas medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição dos agentes de chegarem perto das vítimas. A Justiça Federal do Rio de Janeiro ainda não se manifestou sobre o pedido.

O Procuradoria também solicitou que seja realizada uma nova perícia nas armas utilizadas pelos agentes e no veículo da família.

Em depoimento à Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter atirado contra o carro em que estava a menina. Ele alegou que ouviu barulhos de tiro e, por isso, fez os disparos.

A versão, no entanto, não bate com o que disse o pai de Heloisa e uma testemunha que presenciou a movimentação dos agentes. Segundo eles, não houve nenhum barulho de tiro antes de o policial atirar.

À Folha, a responsável pela área temática dos direitos humanos da PRF, Liamara Cararo Pires, afirmou que a morte de Heloisa vai contra as diretrizes da corporação.

"No mínimo, a gente pode dizer que os resultados não foram aqueles que são esperados nem desejados", afirmou.

Além da conduta dos policiais, o Ministério Público Federal e a Corregedoria também investigam por que um agente da PRF entrou à paisana na UTI onde Heloisa estava internada.

O policial esteve na UTI sem se identificar nem pedir autorização da segurança do hospital e da equipe médica. Ele apenas disse que o motivo para estar lá era "assunto policial". O agente chegou a conversar com o pai de Heloisa. Ao MPF, Silva disse que foi uma conversa normal e não estranhou.

Segundo a PRF, até o momento o que pôde ser apurado é que o policial, identificado como Milton, foi ao local por conta própria.

"Não houve pedido, orientação nem comunicação a nenhuma Instância de gestão para a presença daquele policial lá. Ele tomou essa atitude de forma autônoma", disse Pires.

Em nota divulgada neste sábado, a PRF manifestou extremo pesar pela morte de Heloísa e disse que segue acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico.

"Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda", informou.

A prefeitura de Duque de Caxias também manifestou solidariedade: "Em nome da Prefeitura de Duque de Caxias e de todos os colaboradores da Secretaria Municipal de Saúde, lamentamos profundamente e nos solidarizamos aos familiares e amigos da pequena Heloísa".

Heloisa é a segunda pessoa morta em ação da PRF do Rio em dois meses. Em julho, a PRF também afastou um de seus agentes após Anne Caroline Nascimento Silva, 23, morrer ao ser baleada em uma ação.

O caso é investigado pela corporação. Na ocasião, o namorado de Caroline, Alexandre Mello, contou que os policiais atiraram contra o carro em que estavam, na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias.

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