'Não mandei pagar nada', diz ex-chefe da PM sobre tratamento de filho bancado por empresa

Caso revelado em 2015 já foi investigado e arquivado, afirma coronel Alvaro Camilo, hoje subprefeito da Sé

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São Paulo

O subprefeito da Sé, coronel Alvaro Camilo, afirmou que não teve conhecimento de que seu filho teve um tratamento de saúde pago, em 2011, por uma empresa de fachada envolvida em um esquema de fraude a licitações.

Camilo disse que não pediu nenhum tipo de vantagem a ninguém e que o caso já foi investigado e arquivado. Ele falou sobre o caso em um evento da Prefeitura de São Paulo nesta segunda-feira (28).

Segundo indicam recibos obtidos pela Folha, o tratamento foi pago pela Comercial das Províncias, uma das empresas usadas pelo ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho para fraudar licitações destinadas ao comando-geral da Polícia Militar. O caso foi revelado em 2015 e as suspeitas foram posteriormente confirmadas em investigações da própria Corregedoria da PM.

O coronel da reserva e ex-comandante da PM, Alvaro Camilo, hoje subprefeito da Sé - Gabo Morales 7.mar.2015/Folhapress

Questionado sobre o caso nesta segunda, o subprefeito disse que não morava mais com o filho no período da internação e não se envolveu no tratamento de saúde. Camilo disse ainda que, no cargo de comandante-geral da PM, não tinha contato com os chefes das unidades da corporação responsáveis por licitações e que se envolveram no esquema pelo qual Adriano Filho foi preso.

"Meu filho já não morava comigo nesse período e, de repente, ele foi internado. Não fui eu que internei, não fui eu que paguei, não conheço a empresa, não mandei fazer nada disso", disse o subprefeito. "Eles fizeram um procedimento chama PIC, procedimento investigatório criminal, que foi respondido, foi para o TJ [Tribunal de Justiça], e o próprio Ministério Público pediu para arquivar."

Na sexta-feira (15), representantes de Adriano Filho, que está preso desde 2017, entregaram à Folha cópias de recibo e de cheque sobre suposto pagamento de despesas do filho de Camilo em uma clínica para tratamento de dependentes químicos em Atibaia, no interior de São Paulo. Camilo era, à época, comandante-geral da PM (2009-2012).

Adriano foi preso em 2017 e, até agora, foi condenado em duas ações. Somadas, as penas impostas a ele ultrapassam 50 anos. Outros processos ainda estão em curso e há expectativa de novas condenações. Há suspeita de fraude em licitações para compra de itens como papel higiênico, bolacha, açúcar, clipe, peças de veículos, programas para computador, ternos, pinturas e, até, reforma de um lago de carpas.

Em 2017, o ex-oficial tentou fazer um acordo de delação premiada, mas não conseguiu. Na época, implicou o nome de 18 oficiais que teriam usufruído do esquema.

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