Descrição de chapéu transporte público

Nunes entrega ônibus elétricos, mas admite que SP pode não alcançar meta sustentável até 2024

Prefeito diz que meta de 2.400 veículos esbarra na capacidade da indústria, e gestão tem empréstimos ainda não liberados

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), reconheceu nesta segunda (18) não ter garantia de que alcançará a meta de renovar a frota de ônibus da cidade com veículos elétricos. Para chegar ao número de 2.400 coletivos sem emissão de gás carbônico até o fim de 2024, a prefeitura conta com financiamentos bancários que ainda não foram liberados.

Além disso, afirma o prefeito, a meta esbarra na capacidade de produção da indústria brasileira. Segundo Nunes, é mais provável que a cidade consiga colocar em circulação por volta de 1.400 veículos elétricos.

"Eu vou fazer de tudo para tentar perseguir essa meta dos 2.400 [ônibus elétricos]. O que a gente tem mais próximo é 600 para este ano e 1.400 para ano que vem, por conta da capacidade de produção dos ônibus", disse o prefeito. "Se a indústria não tem para vender, aí não tem como fazer. Mas pode acontecer que a indústria vá se qualificando para aumentar sua capacidade de fabricação."

ônibus com pintura verde e dizeres 'ônibus elétrico 100% brasileiro' em frente a edifício histórico Altino Arantes
Novo ônibus elétrico, entregue nesta segunda-feira (18) a concessionárias de São Paulo, na rua Líbero Badaró, no centro - Zanone Fraissat/Folhapress

Nunes participou nesta segunda de um evento de entrega de 50 novos ônibus elétricos a concessionárias da cidade. Com isso, o número de veículos sem emissão de poluentes chega ao total de 270 —a frota já contava com 19 ônibus movidos a bateria e 201 trólebus. Isso significa que a frota elétrica da cidade precisa crescer quase oito vezes em um período de um ano e três meses para chegar à meta.

Por lei, a administração da cidade está obrigada a reduzir em 50% a emissão de gás carbônico do transporte coletivo e dos veículos da coleta de lixo, até 2028, e eliminá-la até 2038. A intenção de chegar a 20% de frota limpa até o ano que vem está no Programa de Metas de gestão Nunes, apresentado em abril.

Segundo a prefeitura, com 2.400 unidades a cidade São Paulo teria a segunda maior frota de ônibus elétricos do mundo —atrás apenas de Pequim, na China. "A meta é ambiciosa e, por isso, gostamos dessa meta, porque um plano fraco não agrada ninguém. É uma meta ambiciosa, mas possível, são muitas montadoras ativas", disse Nicola Cotugno, presidente da Enel Brasil. "Ao final do próximo ano vamos ter um número gigante comparando com o que temos hoje."

A prefeitura busca empréstimos de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e ao Banco Mundial para subsidiar a compra de veículos, como mostrou a Folha. Nunes afirma que o pedido deve ser analisado pelo BID até abril do ano que vem, e só então o dinheiro seria liberado gradativamente.

O prefeito diz que a gestão municipal também busca financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Brasil para o mesmo objetivo, e que nesse caso o dinheiro seria liberado mais rapidamente. Ele não informou, porém, quais valores estariam sendo negociados com os dois bancos brasileiros.

Os primeiros 50 ônibus elétricos da gestão Nunes foram entregues às concessionárias em contratos de comodato com a empresa Enel X. Os veículos pertencem à empresa e são usados pelas concessionárias de ônibus, que pagam pelos serviços da Enel X. O investimento da empresa pelos 50 ônibus é de cerca de 30 milhões de euros, o equivalente a R$ 160 milhões, aproximadamente.

De acordo com Nunes, a entrega dos ônibus elétricos também prevê a instalação de infraestrutura para a recarga das baterias dos veículos nas garagens das empresas, espalhadas pela cidade. O prefeito diz que já foi contratada capacidade suficiente para abastecer os próximos 600 ônibus.

Um dos principais motivos para a busca de financiamento pela prefeitura é que o custeio da operação dos ônibus elétricos é cerca de 15% mais caro que o de veículos movidos a diesel. A prefeitura tenta negociar taxas de juros mais baixas para o financiamento, mas os contratos com os bancos devem ser feitos diretamente com as empresas de ônibus.

Questionado sobre o efeito do custeio maior no valor da tarifa, hoje em R$ 4,40, Nunes disse esperar que nenhum reajuste seja necessário. Afirmou, ainda, que não há definição para os estudos que a prefeitura tem feito sobre a possibilidade de adotar tarifa zero nos ônibus municipais.

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