Descrição de chapéu forças armadas

Enquanto não acham as armas, eles vão pagando, diz pai de soldado do Exército aquartelado

Familiares afirmam que militares retidos em Barueri (SP) após furto de 21 metralhadoras estão com estado emocional abalado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Barueri (SP)

Familiares de recrutas, soldados e oficiais do Exército aquartelados no Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, após o sumiço de 21 metralhadoras, foram até o local neste domingo (15) para fazer visitas e entregar mantimentos aos detidos.

Entre os 480 aquartelados há homens e mulheres. Familiares que deixaram o quartel afirmaram que há jovens com o estado emocional abalado. Alguns choraram na presença dos pais, relataram.

Homens, mulheres, crianças e idosos tiveram permissão do Exército para entrar na unidade. Os soldados estão aquartelados desde o dia 10, quando foi notado o furto de 13 metralhadoras .50 (antiaéreas) e oito de calibre 7,62.

Entrada de área militar com os dizeres Arsenal de Guerra
Entrada do Arsenal de Guerra do Comando Militar Sudeste, em Barueri (Grande SP); no local foram furtadas 21 metralhadoras do Exército - Paulo Eduardo Dias/Folhapress

Os familiares aceitaram conversar com a reportagem desde que não fossem identificados. Eles temem que seus filhos sofram represálias.

Um pai relatou que a situação é complicada, principalmente por envolver recrutas, como são chamados os jovens que ingressaram recentemente no serviço obrigatório.

Na opinião dele, o furto deve ter sido algo planejado. Enquanto não acham as armas, declarou, os filhos vão pagando.

Entre os alimentos levados aos soldados e oficiais estão bolachas, salgadinhos e iogurtes.

Homem mostra sacola com salgadinhos e biscoitos
Mantimentos levados por familiares para soldados aquartelados - Paulo Eduardo Dias /Folhapress

Familiares também puderam levar para casa, após vistoria, os carros e motos dos soldados do Exército que estão no estacionamento.

Em nota no sábado (14), o Comando Militar do Sudeste declarou que a tropa está aquartelada "para poder contribuir para as ações necessárias no curso da investigação".

"Os militares estão sendo ouvidos para que possamos identificar dados relevantes para a investigação", afirmou o órgão.

No texto, o Exército diz que imediatamente ao se verificar a discrepância no controle das armas foram tomadas providências administrativas com o objetivo de apurar as circunstâncias do sumiço. Também foi instaurado um Inquérito Policial Militar.

A nota não informa se há algum suspeito pelo furto das metralhadoras.

O secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, disse lamentar o furto das 13 armas antiaéreas e que o caso será investigado para evitar "consequências catastróficas".

"Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população", declarou o secretário da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

'Inservíveis'

O Exército afirmou que os armamentos são inservíveis e que o Arsenal de Guerra é uma unidade técnica de manutenção.

"[A unidade] É responsável também para iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada", informou a nota.

Para Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, o furto das armas é preocupante mesmo que não estejam em pleno funcionamento.

"Mesmo que as armas não tivessem em condições imediatas de disparo, por falta de uma peça ou falha mecânica, o desvio é absurdamente preocupante, pois o crime dispõe de armeiros com condições de prestar manutenção nestas armas e produzir em máquinas modernas peças faltantes, ou mesmo 'canibalizar' uma arma para consertar outras", explica.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.