Descrição de chapéu violência

Delegacias no entorno de parques registram alta de furtos em São Paulo

Crescimento até agosto ocorre em ao menos cinco locais; OUTRO LADO: Segurança diz que DPs abrangem toda a região e que prisões aumentaram

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São Paulo

As ocorrências de furto tiveram alta no entorno dos principais parques da cidade de São Paulo neste ano. Os principais alvos, segundo relatos, são celulares e bicicletas —nem as alugadas escapam.

Responsável pela cobertura do parque Ibirapuera, na zona sul, o 36º Distrito Policial (Vila Mariana) registrou 2.511 ocorrências de furto entre janeiro a agosto. A quantidade é 13% superior ao visto no mesmo período de 2022, quando 2.224 casos foram computados.

Portão 9A do parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, permanece fechado durante a semana devido suas características limitadas de infraestrutura que impactam na segurança dos usuários e do patrimônio do parque, segundo a Urbia
Portão 9A do parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, permanece fechado durante a semana devido suas características limitadas de infraestrutura que impactam na segurança dos usuários e do patrimônio do parque, segundo a Urbia - Danilo Verpa/Folhapress

Os números da SSP (Secretaria da Segurança Pública) não distinguem quantos crimes ocorreram nas ruas ou dentro do parque. No entanto, quem trabalha no Ibirapuera afirma que furtos de bicicletas e celulares são frequentes, principalmente aos sábados e domingos, quando a área verde é mais procurada.

Em toda a cidade, no mesmo período, a alta foi de 7%. Já são mais de 165 mil casos no município contra cerca de 153 mil no ano anterior.

Em nota, a pasta da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou que as delegacias próximas aos parques abrangem toda uma região, não somente as áreas verdes. Diz ainda que as forças de segurança estão empenhadas em combater a criminalidade nos espaços públicos de São Paulo.

A reportagem esteve no Ibirapuera na semana passada e conversou com vigilantes e ambulantes que têm na ponta da língua o método de atuação dos bandidos. Conforme as testemunhas, eles andam em grupos, tomam o objeto da vítima e fogem de bicicleta pelos acessos até conseguir chegar à rua.

Um segurança relatou que o alvo preferencial são as bicicletas, furtadas no primeiro descuido do proprietário, principalmente em dias de parque lotado. Outra funcionária afirmou que nem mesmo as bikes alugadas pelo parque escapam dos criminosos, que tentam a todo momento deixar o local com uma delas. Ela contou serem normais os furtos nas calçadas, principalmente perto do Monumento às Bandeiras.

Na tentativa de evitar a fuga dos ladrões, os vigilantes se comunicam por rádio e descrevem as roupas utilizadas pelos suspeitos.

Ambulantes que atuam diariamente ali contaram que o portão 9A, quase no cruzamento das avenidas República do Líbano e Brasil, foi fechado por falta de segurança. A reportagem foi até essa entrada e encontrou uma placa que diz que o acesso só é aberto aos sábados, domingos e feriados. Uma guarita antes usada por vigilantes estava vazia e trancada.

Gestora do Ibirapuera, a Urbia declarou ter conhecimento de ocorrências pontuais no parque, que classifica como uma das áreas mais seguras e protegidas da cidade de São Paulo.

A empresa confirmou o fechamento do portão 9A e disse que ele servia a apenas 1,58% do fluxo do parque durante a semana. Segundo a Urbia, a mudança operacional foi em virtude das características limitadas de infraestrutura do acesso, que impactam na segurança dos usuários e do patrimônio.

Conforme a concessionária, foram instaladas câmeras de segurança e lockers para guardar os pertences pessoais dos visitantes.

Villa-Lobos

O parque Villa-Lobos, na zona oeste, está localizado entre duas delegacias que registraram alta na quantidade de furtos. A cerca de 1 km do local, o 91º DP (Ceagesp) passou de 1.039 ocorrências em 2022 para 1.365 nos oito meses deste ano, um crescimento de 31%.

Entretanto, segundo a Reserva Parques, responsável pela área verde, as ocorrências dentro do perímetro são encaminhadas para o 14º DP (Pinheiros), a cerca de 5 km. Lá, a situação é mais grave: foram 6.300 casos até agosto deste ano contra 4.194 no ano anterior, alta de 50%.

A reportagem também esteve no parque na semana passada. Os relatos são semelhantes aos obtidos no Ibirapuera, com grupos em bicicletas se aproveitando para cometer os crimes.

Uma funcionária contou para a reportagem ter visto recentemente o momento em que uma pessoa teve o celular tomado ao tentar registrar de longe a roda gigante implantada no parque Cândido Portinari, uma espécie de extensão do Villa-Lobos.

Pessoas que trabalham em quiosques de alimentação na entrada disseram que os furtos ocorrem aos finais de semana e principalmente ao cair da tarde.

A Reserva Parques declarou que o Villa-Lobos possui uma base fixa da Polícia Militar. Conforme a empresa, houve uma reunião na última terça-feira (10) e não foram relatadas reclamações acerca da segurança na área interna do parque.

Diz ainda que, no último mês, foram instaladas cem câmeras de segurança nos perímetros e uma Central de Controle Operacional. A área verde recebeu reforço na iluminação com 600 novas lâmpadas de LED.

Gestões públicas

Ao menos outras três delegacias próximas de parques também tiveram alta na quantidade de registros de furtos.

Localizado no centro de São Paulo, o 4º DP (Consolação) está a poucos passos do parque Augusta e na mesma região de vias importantes e estações de metrô. A unidade policial foi responsável por formalizar 4.495 boletins de ocorrência em oito meses, um crescimento de 6% em relação aos 4.246 registrados em 2022.

Instalado em uma área nobre da capital, o 15º DP (Itaim Bibi), na zona oeste, vive uma explosão nos casos de furto. Entre janeiro e agosto foram elaborados 3.795 documentos ante 2.433 em igual período do ano anterior, uma alta de 56%. O posto policial está localizado a 1,5 km do parque do Povo - Mário Pimenta Camargo.

Em nota, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente da prefeitura declarou que as áreas administradas pela pasta possuem segurança patrimonial contratada com apoio da Guarda Civil Metropolitana.

Segundo a pasta da gestão Ricardo Nunes (MDB), o parque do Povo não registra casos de furto há dois anos. O espaço conta com 11 vigilantes diurnos e seis noturnos.

Por sua vez, o parque Augusta não registrou furtos em suas dependências desde a inauguração do espaço, em novembro de 2021, diz trecho do comunicado. O local conta com 14 vigilantes diurnos e oito noturnos.

Outro caso de aumento é o do 9º DP (Carandiru), a cerca de 700 metros do parque da Juventude, na zona norte. Foram 3.568 casos neste ano ante 3.015 no ano passado, um crescimento de 18%.

Procurada, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado, responsável pelo parque da Juventude, afirmou que atua com equipes de vigilância patrimonial, que realizam constante monitoramento e rondas em todas as áreas de uso público dos 12 parques urbanos administrados pela pasta.

Conforme a secretaria da gestão Tarcísio, quando necessário a Polícia Militar é acionada. Seis dos 12 parques possuem ainda apoio de segurança das equipes da Dejem, uma espécie de bico oficial realizado por policiais militares fora do horário de serviço.

Em nota, a SSP afirmou que, de janeiro a agosto deste ano, nas regiões citadas pela reportagem, houve aumento de 19,9% no número de prisões e apreensões, ou seja, 2.514 a mais do que no mesmo período do ano anterior. Na mesma época foram apreendidas 440 armas de fogo, aumento de 104,8% em relação ao mesmo período de 2022.

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