Polícia investiga esquema que liberava CNH para analfabeto em São Paulo

Ao todo, 33 mandados de apreensão foram cumpridos nesta quinta-feira (23) em São Paulo

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São Paulo

A Polícia Civil investiga um esquema de fraude no Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo) que possibilitava a obtenção de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) até para analfabetos, por meio de pagamento de propina.

Nesta quinta-feira (23), foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão de documentos e computadores nesta quinta-feira (23) na cidade de São Paulo.

A ação foi realizada por policiais da 3ª Delegacia DCCiber (Investigações sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Banco de Dados), ligada ao Deic (Departamento de Investigações Criminais). A direção do Detran também participou da operação. Ninguém foi preso.

Posto do Detran em São Paulo; polícia investiga esquema para emissão de CNHs - Jardiel Carvalho - 14.jan.20/Folhapress

Segundo a polícia, a fraude era operada por pessoal administrativo e ex-funcionários do órgão de trânsito, advogados, despachantes e pessoas especializadas em oferecer a vantagem, conhecidos como "zangões", em 2018 e 2019.

A suspeita é que 22 pessoas participavam do esquema, entre elas adolescentes, inclusive com acesso ao sistema de dados. O custo para a liberação da CNH irregular variaria de R$ 1.000 a R$ 3.000.

A ação é uma continuidade da investigação iniciada em 2019, quando as suspeitas de fraude foram comunicadas pelo próprio Detran à Polícia Civil e que resultaram na prisão de um servidor por desbloqueio irregular de CNHs.

Os suspeitos são investigados por corrupção ativa e passiva, associação criminosa e falsificação de documento.

Em nota, o Detran afirmou ter entregado todos os documentos e computadores necessários à investigação, bloqueando imediatamente as senhas dos funcionários suspeitos.

Segundo Waldirene Santana, responsável pela área de auditoria do Detran, nesta segunda fase da investigação foram identificados desbloqueios irregulares de aproximadamente 40 CNHs de cidadãos da região metropolitana de São Paulo, feitos entre 2018 e 2019.

De acordo com Santana, há pelo menos oito funcionários ou ex-servidores suspeitos de envolvimento na fraude, sendo que cinco deles continuam na autarquia.

"Eles foram afastados e medidas administrativas estão em curso", diz o Detran, em nota.

Segundo a responsável pela área de auditoria, as informações ainda estão sendo apuradas e chegam de forma paulatina.

Em outra investigação no órgão de trânsito, em janeiro passado, um funcionário da unidade do Detran em Saltinho (a 173 km de São Paulo), foi detido por suspeita de corrução.

Na sua casa, durante operação de busca e apreensão, a Polícia Civil disse ter encontrado cerca de R$ 170 mil em espécie.

Também foram apreendidos computadores na sede do Detran e no apartamento do servidor público, além de seu celular, documentos e um pendrive.

As apurações começaram por causa do aumento desproporcional na emissão de documentos e de procedimentos na unidade de Saltinho, cidade na região de Piracicaba, com população estimada de 8.500 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em setembro do ano passado, um diretor-técnico do setor de veículos do Detran foi preso, apontado pela polícia como chefe de um esquema de fraudes que facilitava, mediante pagamento, a venda de veículos, incluindo de pessoas mortas, além de emitir CNHs sem que as pessoas precisassem comparecer às aulas teóricas ou práticas em autoescolas.

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