Quase 3.000 celulares roubados já foram achados em rua do centro de SP neste ano

Próxima à cracolândia, rua Guaianases é principal destino dos aparelhos na cidade

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São Paulo

Próxima da cracolândia, no centro de São Paulo, a rua Guaianases se tornou o principal destino dos celulares roubados ou furtados na cidade. Em 2023, já foram recuperados 2.790 aparelhos em prédios que ficam na rua, segundo o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Dois fatores ajudam explicar essa situação, segundo especialistas ouvidos pela reportagem: a facilidade na locação de imóveis, muitas vezes por meio de contratos informais, e a proximidade da concentração de usuários de drogas no centro.

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Centenas de aparelhos celulares e outros eletrônicos foram apreendidos em operação do Deic no centro de São Paulo na manhã de 21 de novembro - Divulgação/Deic

"A região central virou o ecossistema do crime. Ele fomenta não só a rua Guaianases, fomenta não só peças roubadas, como tráfico de drogas de baixa qualidade, como o crack", disse o promotor Juliano Atoji, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado.

A 1° Delegacia Antipirataria do Deic realizou uma ação na Guaianases e em vias próximas na manhã desta terça-feira (21). Foram apreendidos 853 equipamentos, entre celulares, tablets e notebooks.

O delegado responsável pela operação, Wagner Carrasco, disse que essa é a terceira ação do tipo este ano na região. Duas pessoas foram presas: um homem de origem senegalesa e uma mulher brasileira, ambos por receptação qualificada.

Segundo Atoji, o promotor, grande parte dos celulares roubados na cidade são enviados ilegalmente para a África.

"Essas peças não conseguem circular em território nacional, porém, elas têm entrada no continente africano, pelo porto de Santos, onde essas peças conseguem ser aproveitadas ainda que o Imei [uma espécie de RG do celular] esteja bloqueado", explicou ele.

Para o promotor, o centro de São Paulo sofre com a violência devido a uma soma de fatores. "Nós temos vários problemas na fiscalização e lá virou um território que fomenta todo tipo de criminalidade. Desde o furto a ferro-velho, receptação, trabalho escravo", afirmou.

Ele pede ainda uma ação coordenada do poder público para resolver a questão, e cita como exemplo medidas tomadas pelo Detran.

"Recentemente fizemos uma operação para combater o desmanche lá. Receptadores de peças furtadas. Com isso, a gente provocou uma ação no Detran. O Detran está adotando medidas de política pública agora, de governança, inclusive de propaganda, para tentar evitar a compra de peças receptadas e também uma melhor fiscalização", disse ele.

"Amanhã alguém assume o negócio, abre do lado e sempre vai estar lá. O primeiro combate é entender a região central. O que fomenta a criminalidade na região central?", acrescentou Atoji.

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