Braskem cancela participação na COP28 por agravamento da crise em Maceió

Defesa Civil de Maceió fala em 'alerta máximo' e 'risco iminente de colapso' da mina 18, no bairro de Mutange

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Patrícia Vilas Boas Paula Arend Laier
São Paulo | Reuters

A Braskem cancelou sua participação na COP28 citando o "agravamento da crise de Maceió". Parte da cidade está sob risco de desabamento devido à possibilidade de colapso em uma das minas de extração de sal-gema que a empresa tem sob a capital alagoana.

"Nos últimos dias, diante do agravamento da crise de Maceió, [a Braskem] achou melhor cancelar sua participação em alguns painéis para evitar que o assunto sobrepujasse quaisquer outras discussões técnicas, dificultando eventuais contribuições que a empresa pudesse oferecer", disse a companhia em nota.

À Reuters a empresa afirmou que cancelou a presença em todos os painéis de que participaria.

Vista aérea mostra imóveis abandonados e destruídos no Pinheiro, bairro que foi o epicentro do desastre ambiental causado pela exploração de sal-gema pela Braskem em Maceió
Vista aérea mostra imóveis abandonados e destruídos no Pinheiro, bairro que foi o epicentro do desastre ambiental causado pela exploração de sal-gema pela Braskem em Maceió - Jonathan Lins - 1°.dez.23/Folhapress

Mais cedo, em um evento em São Paulo, o presidente-executivo da Braskem, Roberto Bischoff, disse que existem "bons indicativos" de acomodação do solo na área de mina com risco de colapso, mas ressaltou que não é possível afirmar qual será o resultado.

No pavilhão do Brasil na COP28, a empresa participaria de dois eventos. Na sexta-feira (8), falariam sobre "O papel da indústria na economia circular de carbono neutro". Na segunda (11), o tema seria "Impactos da mudança do clima e a necessidade de adaptação da indústria".

Além disso, a mineradora também esteve presente no estande da CNI (Confederação Nacional da Indústria) na COP28. Um representante da empresa teria participado, na última sexta (1°) de um painel para falar sobre "a importância da elaboração do inventário de emissões" como uma ferramenta para "aumentar a competitividade das organizações". No domingo (3), um representante teria feito a moderação de um painel sobre "a relevância estratégica da economia circular para a mitigação das emissões".

Vale destacar também um ponto que aproxima a Braskem da COP28. O presidente da atual COP, Sultan al-Jaber, é também presidente da Adnoc, a empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos. A Adnoc tem interesse em adquirir uma importante participação na Braskem e, no começo de novembro, fez uma oferta de US$ 2,1 bilhões (R$ 10,3 bilhões) para tal.

Além disso, recentemente, documentos vazados mostraram que os Emirados Árabes Unidos planejavam usar a COP28 como uma oportunidade para fechar acordos de petróleo e gás —a ideia é negada por al-Jaber.

Os documentos vazados mostram pontos de discussão elaborados por representantes de Adnoc. Entre os pontos relativos ao Brasil, havia menção de que, para Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, seria solicitada auxílio para "garantir o alinhamento e o endosso" em relação à oferta da Adnoc para a compra de parte da Braskem.

Em nota nesta segunda-feira (4), a Defesa Civil de Maceió afirmou em que permanece em "alerta máximo" e citou "risco iminente de colapso" da mina 18 de sal-gema da Braskem, no bairro de Mutange.

A atividade de extração de sal sob Maceió vinha sendo realizada desde os anos de 1970, mas foi interrompida em 2019 após bairros da cidade passarem a registrar rachaduras em ruas e em edifícios diante da movimentação de enormes cavidades criadas com a mineração. O procedimento de fechamento de minas, no entanto, ainda está em andamento.

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