Descrição de chapéu Consciência Negra

Silvio Almeida lança projeto que valoriza história de africanos escravizados no Brasil

Ministro dos Direitos Humanos falou da importância das políticas de memória em cerimônia no Cais do Valongo, no Rio

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Rio de Janeiro

Valorizar a herança ancestral do povo negro. Essa é a premissa do projeto Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil, lançado nesta quinta-feira (30) no Muhcab (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira), no Cais do Valongo, zona portuária do Rio de Janeiro.

Durante a cerimônia, que encerrou o mês da Consciência Negra, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que não há como reconstruir, reinventar e recriar o Brasil sem a capacidade de construir políticas de memórias.

"Quando se fala de direitos humanos, estamos necessariamente reivindicando políticas de memória, reivindicando esse processo que não é apenas de recordar, de descrever como o passado era, é um processo político em que nós forjamos nossas identidades individuais e também coletivas", disse o ministro.

Uma das ações prevê a instalação de placas em cem lugares que marcam a história das pessoas escravizadas, como igrejas, praças, terreiros de candomblé e quilombos.

O ministro Silvio Almeida (no centro) no lançamento de projeto que dá visibilidade à história de africanos escravizados no Brasil, no Cais do Valongo, no Rio - @silviolual no Instagram

No total serão contemplados 66 municípios de 16 estados, com locais listados pelo programa Rotas dos Escravizados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Palco para o pontapé inicial do projeto, o Cais do Valongo foi o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas. Patrimônio cultural mundial reconhecido pela Unesco, o local recebeu cerca de 1 milhão de africanos.

Os vestígios do cais foram descobertos em 2011, durante escavações para as obras do Porto Maravilha, projeto de revitalização da região.

De acordo com Silvio Almeida, é a partir desse reconhecimento que podem seguir as políticas de não repetição da escravidão. "A memória também é uma arma de luta. Podemos pensar como podemos restituir aqueles que foram os condenados da terra, aqueles que foram violentados, aqueles que foram agredidos", afirmou o ministro.

Para a segunda fase do projeto está prevista a criação de material pedagógico para o ensino de história afro-brasileira e indígena nas escolas. "Vamos fazer um trabalho com um processo educativo e criar espaço digital para difundir essa memória", afirmou a responsável pelo projeto, Fernanda Thomaz.

A ideia é que o material seja usado nas salas de aula em cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que prevê a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.

"O objetivo é descortinar essa memória que foi apagada, silenciada. Essa é uma forma de valorização da cultura negra e da nossa história", completou.

Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o projeto resgata e valoriza a contribuição de negras e negros na construção do Brasil. "Reconhecemos o perigo de invisibilizar essa história e nos comprometemos em contar a história que a história não conta", afirmou.

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