Advogado morto em queda de planador defendeu família de piloto de Marília Mendonça

Sérgio Roberto Alonso era especialista em direito aeronáutico e piloto; testemunhas disseram que ele bateu em torre de alta tensão no interior de SP

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São Paulo

O advogado Sérgio Roberto Alonso, 74, morto em acidente com um planador no interior de São Paulo, na tarde de sábado (6), era considerado um dos maiores especialistas em direito aeronáutico no país.

Apaixonado por planadores, ele pilotava a aeronave que levantou voo de Bauru, no noroeste do estado, e caiu em uma área de plantação de cana-de-açúcar às margens do km 298 da rodovia Marechal Rondon, em Lençóis Paulista —as duas cidades ficam a cerca de 40 km de distância.

Homem calvo de paletó escuro e gravata azul sentado em uma mesa
O advogado Sérgio Roberto Alonso, 74, morto em um acidente com um planador no interior de São Paulo, na tarde de sábado (6); especialista em aviação, ele defendeu o piloto do avião que caiu e matou a cantora Marília Mendonça - Reprodução/Riedel de Figueiredo Advogados Associados

O ultraleve foi encontrado de cabeça para baixo sem uma das asas, e com o piloto já morto. Ele estava sozinho.

Conforme o escritório Reidel de Figueiredo, da qual era sócio, Alonso atuou em casos de acidentes aéreos de repercussão.

No mais recente deles, o advogado foi o defensor da família de Geraldo Martins de Medeiros Júnior, que pilotava o avião que caiu e matou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas em Minas Gerais em novembro de 2021.

No acidente, o avião se chocou com a torre de distribuição de energia da Companhia Energética de Minas Gerais, a Cemig. Para a polícia, os pilotos poderiam ter evitado a colisão, e as torres não precisavam, obrigatoriamente, de uma sinalização especial.

Em outubro do ano passado, Alonso afirmou em entrevista que considerava "absurdas" e "injuriosas" as conclusões da Polícia Civil de Minas Gerais sobre as causas do acidente

"O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, pela ausência de carta de aproximação visual e por essa rede estar colocada na mesma altura do tráfego padrão, que é de mil pés", disse em entrevista ao UOL, acrescentando que os delegados não tinham conhecimento sobre aviação.

Curiosamente, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, testemunhas disseram à Polícia Militar que o planador pilotado pelo advogado se chocou contra uma torre de energia elétrica antes de cair na tarde deste sábado.

A queda da aeronave deverá ser investigada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). A conclusão das investigações, diz, terá o menor prazo possível, dependendo da complexidade da ocorrência.

Planador com apenas uma asa e de cabeça para baixo
Planador após queda em Lençóis Paulista (SP) neste sábado (6); aeronave foi encontrada de cabeça para baixo sem um das asas - Divulgação/Defesa Civil

O caso foi registrado como morte suspeita pela Delegacia Seccional de Bauru.

Em seus mais de 50 anos de carreira, segundo seu escritório, Alonso trabalhou na defesa de vítimas em grandes acidentes aéreos, inclusive no do Fokker 100 da TAM, que, em 1996, matou 99 pessoas ao cair no Jabaquara, na zona sul de São Paulo, logo após decolar do aeroporto de Congonhas.

Também foi um dos advogados no caso do acidente com um Boeing 727-200 da extinta Vasp, que matou 137 pessoas na serra da Aratanha, na região metropolitana de Fortaleza (CE), em 1982, também conforme seu escritório. A firma publicou uma série de homenagens ao sócio neste domingo (7), em seu site e em redes sociais.

"Ao longo de mais de 50 anos como advogado, Sérgio Roberto Alonso contribuiu com jurisprudências nos tribunais e mudança de legislações para a aviação, em casos emblemáticos", afirmou o escritório, na nota.

A advogada Rita de Cássia Vivas, que trabalhava com ele, afirmou no mesmo texto que Alonso foi referência mundial na área de direito aeronáutico.

Nascido em Santos (SP) e apaixonado por aviação, Alonso tinha experiência em planadores —aeronave que não tem motor e decola puxada por um avião. Ele era piloto desde 1973.

O planador que pilotava, de prefixo PT-PJD, tinha capacidade apenas para o piloto. Da marca Alexander Schleicher, foi fabricado em 1982 e pertencia ao Aeroclube de Bauru, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

O planador, conforme a agência, estava com situação de aeronavegabilidade normal.

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