Danos em topos de árvore indicam queda acentuada de helicóptero, diz especialista

Primeiras imagens apontam perda de controle por desorientação ou falha mecânica; aeronave com quatro pessoas seguia para Ilhabela

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São Paulo

Uma das pistas para determinar como foi o acidente com o helicóptero que levava quatro pessoas para Ilhabela pode estar no topo das árvores no local em que os destroços foram achados. A aeronave desapareceu no último dia de 2023 e foi encontrada nesta sexta-feira (12), em Paraibuna (SP), no Vale do Paraíba, após 11 dias de buscas.

Isso porque danos nas copas indicam que a aeronave, ainda perto das árvores, já vinha numa trajetória de queda, diferente de uma tentativa de pouso com ângulo leve, que a levaria mais longe antes de chegar ao solo.

Morreram no acidente o empresário Raphael Torres, 41, a vendedora Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, e o piloto Cassiano Tete Teodoro.

helicóptero sobrevoa área de mata fechada onde há clareira feita por acidente de outro helicóptero
Aeronave da Polícia Militar localizou destroços de helicóptero em área de mata em Paraibuna (SP), no Vale do Paraíba - Reprodução/@PMESP no X

Para o especialista em segurança de voos Roberto Peterka, esse alto grau da trajetória de impacto pode indicar perda de controle consequente de desorientação ou de algum tipo de falha mecânica.

"Indica que o helicóptero quebrou aquelas pontas das árvores e não foi muito longe, acabou quase ao pé delas. Esse ângulo de incidência do impacto no solo foi antecedido por um grande ângulo de projeção da aeronave. Ou seja, ele vinha e não foi um pouso, digamos, com leve ângulo de aproximação."

Peterka explica que essa projeção pode ser feita traçando uma linha imaginária dos destroços do helicóptero para trás, em direção ao céu, que passaria perto dos topos de árvore quebrados.

Mas ele ressalta que ainda há pouco material analisado. Investigações de acidentes envolvendo aeronaves ficam a cargo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ligado à Força Aérea Brasileira.

A Aeronáutica acionou uma equipe de investigadores do Seripa IV (Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Os agentes farão uma Ação Inicial da ocorrência, nome técnico do procedimento que verifica as as primeiras evidências de danos no helicóptero e no solo.

Após a localização dos destroços, o acesso à área de mata densa ainda foi prejudicado pela chuva. Agentes do 11º Grupamento de Bombeiros se deslocaram para Paraibuna para o trabalho de remoção dos corpos das quatro pessoas que estavam no helicóptero Robinson R44.

Segundo a corporação, nove bombeiros foram enviados ao local, e três deles tentavam descer de rapel até os destroços. O trabalho, contudo, teve de ser interrompido por volta das 15h50 por causa da chuva, e seria retomado após a melhora das condições climáticas.

Além da investigação do Seripa, há também um inquérito aberto pela Polícia Civil em Paraibuna, no interior paulista, sobre as condições do voo.

Segundo o delegado Paulo Sérgio Pilz Campos Mello, diretor do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), há indícios de que o piloto tentava retornar a São Paulo no momento em que o helicóptero caiu.

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