Descrição de chapéu Santos

Obras na Rio-Santos na alta temporada causam transtornos no litoral norte de SP

OUTRO LADO: DER diz que se esforça para efetuar obra fora do horário de maior fluxo

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Reginaldo Pupo
Caraguatatuba

Uma obra que está sendo executada pelo governo do estado na rodovia SP-55, na altura de Caraguatatuba, vem causando transtornos a moradores e turistas que frequentam o litoral norte de São Paulo, aumentando o tempo de viagem e resultando em congestionamentos.

Os usuários da rodovia, que também é trecho da Rio-Santos, vêm protestando contra a obra pelo fato de estar sendo conduzida na alta temporada de verão, época em que a região recebe, em média, três vezes mais pessoas que sua população fixa e que o fluxo de veículos é maior. Os serviços tiveram início em setembro do ano passado e foram suspensos entre o Natal e o Ano-Novo.

Segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), as obras estão sendo realizadas entre o km 53 e km 112 para serviços de limpeza, substituição do pavimento, recuperação do sistema de drenagem e aplicação de nova camada de asfalto, além de recuperação da sinalização horizontal.

A obra no valor de R$ 86 milhões é executada por empresa terceirizada. A previsão é que os trabalhos, que começaram por São Sebastião, sejam concluídos até o primeiro semestre de 2025.

Questionado sobre o motivo de as intervenções serem feitas na alta temporada, principal queixa dos usuários, o DER afirma que, como o prazo previsto para a conclusão é superior a 12 meses, as obras "inevitavelmente ocorreriam" nesta época.

Obras executadas na SP-55 em Caraguatatuba, no litoral norte paulista - Prefeitura de Caraguatatuba

A SP-55, que apresenta pista dupla entre o limite de São Sebastião e o trevo de Caraguatatuba, tem início em Guarujá, na Baixada Santista, e termina em Ubatuba, no litoral norte, totalizando 336 quilômetros. As intervenções estão sendo feitas em Caraguatatuba com o bloqueio da pista sentido São Sebastião/Caraguatatuba, obrigando os veículos a trafegarem em mão dupla no sentido contrário.

Com o afunilamento causado pelas interdições ao longo do trecho, o fluxo chega a parar totalmente no decorrer do dia, prejudicando moradores e turistas que precisam se deslocar para São Sebastião e para Ilhabela, já que a rodovia é a única opção para se chegar aos dois destinos. Próximo às obras existem centenas de comércios, escolas e o maior shopping da região.

Na última semana, os usuários chegaram a demorar seis horas para percorrer um trecho de 10 quilômetros, geralmente feito em menos de 20 minutos. A quantidade de carros represados impactou o trânsito no trevo de Caraguatatuba, que dá acesso a São Sebastião e Ilhabela, no sentido sul, e Ubatuba, no sentido norte.

Usuários reclamam de prejuízos

Segundo relatos de motoristas, o trânsito chegou a ficar totalmente parado durante várias horas e muitos usuários tiveram dificuldades para encontrar banheiros.

"Os postos de combustíveis tinham filas de pessoas querendo usar os banheiros e até mesmo água e refrigerante tinham acabado. Todo mundo foi pego de surpresa. Foi um verdadeiro caos e vi muitas pessoas passando mal e ansiosas por causa da situação", conta a costureira Emilly Cordeiro, 32, que levava sua mãe para uma consulta médica em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

"Perdemos a consulta e não tinha como a gente retornar, tivemos que encarar o trânsito."

O advogado Eduardo Hipólito do Rego perdeu um voo para Salvador (BA) após ficar preso no tráfego parado. Ele saiu de São Sebastião ao meio-dia e meia para embarcar às 18h05 no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. A viagem entre os dois municípios leva em média três horas. No entanto, às 18h30, ele ainda estava em Caraguatatuba e não havia passado pela obra após ter percorrido apenas 16,8 quilômetros, mesmo realizando diversos desvios pelos bairros.

"Tivemos que remarcar o voo ainda dentro do carro, pagando taxa extra, e só conseguimos chegar ao destino por volta das 23h. Com isso, perdemos a promoção das passagens aéreas, um dia de hospedagem no hotel e a locação do veículo, que cobrou taxa para reativação da reserva. Mas o que perdemos mesmo foi a paciência pois o trecho de obras era absurdamente pequeno", afirmou o advogado.

"Já pegamos muito trânsito no Carnaval e Ano-Novo, que ao menos fluía, mas nada se compara ao caos que ocorreu na semana passada. Ficamos a maior parte do tempo com o motor desligado", desabafa Rego, cuja rodovia leva oficialmente o nome de seu tio-avô, Manoel Hyppolito Rego.

Em nota, o DER disse que vem se esforçando para realizar as obras fora dos períodos de maior fluxo de veículos, entre 9h e 17h, e que monitora a situação constantemente para tomar medidas necessárias.

"Por volta de 16h desta quinta-feira (25), o tempo médio de viagem, em ambos os sentidos, era de cerca de 15 minutos para percorrer o trecho de 8,6 quilômetros em obras. Na terça-feira (23), após contato com a Prefeitura de Caraguatatuba, uma equipe do DER reorganizou a sinalização e novos acessos e retornos, para melhorar a fluidez do trânsito, com resultado positivo", disse o órgão.

O DER também afirmou que o contrato firmado com a empresa terceirizada não prevê serviços no período noturno.

Além de as obras causarem transtornos aos motoristas, as chuvas também vêm trazendo impacto no trânsito de Caraguatatuba. Com a interdição do trecho de serra da rodovia dos Tamoios, da noite de quarta (24) até as 12h deste sábado (27), devido ao grande volume de água, o fluxo para quem desce para o litoral norte ocorria pela nova pista, projetada apenas para quem sobe a serra.

O trânsito na nova pista, no entanto, fluía por meio de comboios com pare e siga, tanto no sentido litoral como sentido São José dos Campos. O sistema gerou mais trânsito no trevo de Caraguatatuba, pois, enquanto os veículos aguardavam o comboio que desce a serra, represavam o fluxo, formando longas filas.

A concessionária disse que "por determinação das autoridades", sem especificar quais seriam, "não é permitido trafegar pela Serra Nova em ambos os sentidos simultaneamente".

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