Descrição de chapéu Alalaô

BaianaSystem arrasta multidão no bloco Navio Pirata, no parque Ibirapuera; veja vídeo

Público não se deixou abalar pelo calor e seguiu trio elétrico pulando sem parar; Orquestra Voadora desfilou mais cedo

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São Paulo

Depois de se apresentar em Salvador durante o Carnaval, o navio pirata do BaianaSystem arrastou um mar de gente em São Paulo neste sábado (17). O som potente da banda faz a multidão pular mesmo em meio ao calor abafado, em um parque Ibirapuera lotado.

Com atraso de cerca de 1h30, o cortejo começou ao som de "Reza Forte", enquanto foliões jogavam água para cima. O repertório teve ainda outros sucessos, como "Capim Guiné", "Sulamericano" e "Água".

"Vamos tocar no céu e fazer todo mundo sentir essa energia. Sempre que vocês fazem isso a banda toca melhor", instruiu o vocalista Russo Passapusso antes de puxar "Bola de Cristal".

Desfile do bloco Navio Pirata, do BaianaSystem, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

No meio do percurso, Passapusso orientou o público a esperar o trio passar para avançar em um trecho mais estreito. "É para a gente não se apertar, mas a gente já se encontra ali na frente", disse.

Assim como foi nos dias de Carnaval oficial, o trecho da avenida Pedro Álvares Cabral por onde o bloco passou estava cercado por grades de contenção.

Segundo estimativas da organização, o bloco reuniu 560 mil pessoas.

Depois do desfile com pegada mais familiar da Orquestra Voadora, o público que foi assistir o BaianaSystem era composto principalmente de jovens, muitos com as máscaras de careta, um símbolo da banda.

Vestida de azul, branco e preto da cabeça aos pés, a fisioterapeuta Larissa Rebelo, 37, contou que vê o Baiana sempre que pode. E destacou a performance de Russo Passapusso como a principal razão. "A energia dele é muito própria", disse.

O produtor de cinema Breno Montenegro, 36, concordou. "O Russo é o novo Chico Science. O conhecimento musical dele é muito grande", disse, citando o artista que foi líder da Nação Zumbi.

Ao longo do trajeto, por diversas vezes o público formou a tradicional "rodinha", marca registrada das apresentações do grupo baiano, e se jogou no "bate-cabeça".

A corretora Vívian Pedrosa, 43, saiu da Baixada Santista acompanhada do marido e do filho adolescente para ver a banda pela segunda vez. "A rodinha é boa demais. A gente quer curtir isso aqui ao máximo", afirmou. "Ela se apaixonou pelo bloco", disse o marido, Cláudio Bittencourt, 58.

Acompanhada das amigas, Victoria Malta, 24, contou que a turma espera o ano todo pelo Navio Pirata.

"É o melhor bloco. Está apertado, calor, mas todo mundo que vem espera isso. Graças a Deus parece que vai chover", comemorava, apontando para o céu novamente nublado após algumas horas de sol quente na cabeça.

Após um Carnaval escaldante, em que vários foliões passaram mal devido ao calor e à lotação dos megablocos, o sábado foi relativamente mais tranquilo. A temperatura ficou na casa dos 28°C, e a previsão do tempo, que era de chuva para o meio da tarde, não se concretizou.

Orquestra Voadora

O dia no Ibirapuera começou com o bloco carioca Orquestra Voadora, que abriu o desfile com "Pro Dia Nascer Feliz", do Barão Vermelho.

"Em 2024, a gente segue na luta contra a caretice", bradou o vocalista MC Lencinho, que na concentração puxou uma ovação ao padre Júlio Lancelotti.

Músicos no bloco
Desfile do bloco Orquestra Voadora, na região do parque Ibirapuera, em São Paulo, neste sábado (17) - Zanone Fraissat/Folhapress

O desfile foi pontuado por outros gritos de protesto, contra a guerra às drogas e a poluição das metrópoles e em apoio à escola de samba Vai-Vai, que homenageou o grupo de rap Racionais MC's e causou polêmica com alas que retratavam a violência policial.

"O prefeito não tem que estar incomodado com a Vai-Vai. Ele tem que se preocupar em remunerar melhor os servidores da cidade de São Paulo", afirmou o músico.

Com um repertório repleto de sucessos da música pop mundial e da MPB, o público tinha na ponta da língua hits como "A Praieira", de Chico Science, "Sossego", de Tim Maia, e "I Will Survive", de Gloria Gaynor.

A Orquestra Voadora é marcada pela performance e o colorido de artistas circenses e pernaltas, que dançam em pernas de pau. Neste ano, mais de 200 integrantes se dividiram entre o trio elétrico e o chão da avenida, puxando o cortejo.

O bloco conta ainda com uma ala de pessoas com deficiência, que desfilaram sob um estandarte com os dizeres Assexybilidade, referência ao documentário homônimo que trata da sexualidade de pessoas com deficiência.

Tuca Munhoz, 66, que carrega o estandarte, conta que sai com a Orquestra desde que o grupo começou a desfilar em São Paulo, em 2017.

"Eu venho sempre porque tenho amigos no bloco e porque tem ‘assexybilidade’. É um diferencial daqui", diz o consultor em acessibilidade.

Também consultora em acessibilidade Luiza Habib, 27, conta que é de Brasília e ficou chocada com o espaço aberto pelo bloco para pessoas como ela, que usa cadeira de rodas.

"É incrível. É maravilhoso ter essa área porque a gente não precisa ficar espremido e com medo de ser espremido na multidão. Eu consigo ver também", diz. "Ter mais pessoas com deficiência é muito empoderador."

Em meio à relativa tranquilidade da avenida, esvaziada em comparação aos dias oficiais de folia, várias crianças brincavam com confetes e dançavam.

Acompanhada do pai, Laura Cardillo Goersch, 8, conta que é foliã desde bebê.

"Eu amo Carnaval, gosto muito de me fantasiar", afirma menina, que usa glitter roxo e laranja no rosto e uma bandana amarrada na testa. "Hoje eu estou de Jão", diz, em referência ao cantor pop paulista.

Comemorando seu 15º carnaval, a Orquestra volta à capital paulista pela primeira vez após a pandemia da Covid-19 e um hiato de três anos.

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