Descrição de chapéu Rio de Janeiro violência

Megaoperação da PM em favelas do Rio deixa 9 mortos

Ação nesta terça (27) também deixou dois policiais feridos e 20 mil estudantes sem aula

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São Paulo e Rio de Janeiro

Nove pessoas foram mortas em uma megaoperação da Polícia Militar do Rio de Janeiro em favelas dominadas pelo Comando Vermelho nesta terça-feira (27). É o maior número de mortos em operação policial no estado em um único dia em 2024.

A ação também deixou dois policiais feridos, e cinco suspeitos foram presos.

Os PMs estiveram nos complexos do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte, e na Cidade de Deus, na zona oeste, entre outras localidades. Moradores relatam barulho de tiros desde a madrugada e dificuldade para sair de suas casas.

Em entrevista coletiva concedida à tarde, o secretário estadual de Segurança do Rio, Victor Santos, disse que a operação foi exitosa.

"Essa operação é uma resposta a invasões de todo o período pré-Carnaval e durante o Carnaval. O serviço de inteligência teve informações de que essa organização criminosa estava planejando outras invasões", afirmou. "O objetivo dessa operação foi tão somente estancar, paralisar essa tentativa, no sentido de proteger as pessoas que moram nessas comunidades, trazer tranquilidade para eles. Dentro desse contexto, entendo que a operação foi bastante exitosa", completou o secretário.

A imagem mostra policiais com armas nas mãos
Policiais durante operação na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, após remoção de barricadas que tentavam impedir acesso - Divulgação/PMRJ

Por causa da operação, 60 escolas e creches municipais foram fechadas nesta terça, afetando mais de 20 mil alunos. Além disso, as clínicas da família Zilda Arns, no Complexo do Alemão, e Jeremias Moraes da Silva, na Maré (zona norte), interromperam o funcionamento.

Quatro das vítimas foram mortas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e a polícia afirma que eles eram suspeitos. Eles foram identificados como Keven Leite Fernandes, conhecido como Tomate, Luan Marcelo Cavalcanti de Jesus, de apelido Gato, e Maison Batista de Freitas, o MZ —o quarto morto tratado como suspeito não foi identificado.

De acordo com a polícia, eles foram mortos após deixar o Complexo da Penha com destino à comunidade Trio do Ouro, na Baixada Fluminense. Ainda segundo a corporação, eles foram levados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Íris, mas não resistiram.

A polícia afirma que com o grupo foram apreendidos dois fuzis calibre 7.62, quatro carregadores, dois rádios comunicadores, uma capa de colete balístico e um carro roubado.

Comerciantes do centro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, tiveram que fechar as portas no início da tarde. Segundo relatos, a ordem teria vindo de traficantes em represália às mortes de suspeitos ligados ao tráfico da região.

Na comunidade da Flexal, em Inhaúma (zona norte), outras quatro pessoas foram baleadas —a polícia afirma que também eram suspeitos. Eles teriam sido socorridos e levados para hospitais da região, mas três morreram. Duas pistolas foram apreendidas, ainda segundo a polícia.

No Complexo do Alemão, dois homens, também identificados como suspeitos pela polícia, foram baleados e mortos. Eles teriam sido socorridos por moradores e levados para uma UPA da região, de acordo com a PM, mas não resistiram e acabaram morrendo.

Um deles, conhecido como Talibã, tinha passagens por tráfico de drogas, segundo a polícia; o outro, de apelido Rato, seria uma das lideranças do crime organizado em Alagoas.

Ainda no Complexo do Alemão, a PM afirma que um confronto entre policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e um grupo de homens armados terminou com dois suspeitos baleados e que eles foram socorridos.

A corporação diz ainda que um policial militar do Batalhão de Choque foi ferido no Complexo da Penha. Baleado no braço, foi levado para o Hospital Central da PM, no Estácio, e seu estado de saúde é estável.

Outro agente, do Batalhão do Méier, foi ferido por estilhaços durante a operação. Segundo a Polícia Militar, ele foi levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, na mesma região, e seu quadro de saúde é estável.

No Méier, os agentes prenderam um homem e duas mulheres que tentavam se esconder em um motel —de acordo com a PM, o suspeito, conhecido como Coquinho, é considerado um dos maiores ladrões de joalherias de Minas Gerais.

Já no Complexo da Penha, equipes do Batalhão de Polícia de Choque afirmam ter prendido um homem conhecido como Bebel da Penha, que seria foragido da Justiça e suspeito de integrar uma quadrilha de roubo de veículos na região.

A PM afirma que precisou remover barricadas formadas por pneus, sofás e até carros pegando fogo no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus para acessar as ruas das comunidades.

Em uma área de mata no Alemão, um acampamento supostamente utilizado por traficantes foi destruído pelo Bope.

Já na comunidade da Chacrinha, na zona oeste, agentes do Batalhão de Jacarepaguá afirmam ter entrado em confronto com homens armados. A PM diz que um suspeito foi atingido e socorrido e que um fuzil foi apreendido.

Imagens registradas por moradores mostram que a Rocinha, na zona sul, foi cercada por policiais na noite de segunda (26), antes da megaoperação nas outras regiões —a comunidade, contudo, não foi incluída nas ações desta terça.

Na megaoperação, as equipes policiais também estiveram em outras comunidades na região, como Engenho da Rainha, Juramentinho e Ipase, em Vicente de Carvalho, Guaporé, Tinta e Quitungo, em Brás de Pina, e Cordovil.

Participaram das ações agentes do COE (Comando de Operações Especiais), unidades do 1º e 2º Comandos de Policiamento de Área e da Coordenadoria de Polícia Pacificadora.

Colaborou Leonardo Vieceli, do Rio de Janeiro

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