Sequestrador de ônibus no RJ exigiu presença da imprensa para se entregar, dizem reféns

Justiça decretou prisão preventiva de Paulo Sergio de Lima e o enviou para presídio sem presença de facções

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Rio de Janeiro

O homem responsável por sequestrar um ônibus na Rodoviária do Rio de Janeiro na terça-feira (12) teria afirmado que portava uma granada e exigido a presença de jornalistas para se entregar, de acordo com os depoimentos dos reféns que estavam no veículo.

Paulo Sergio de Lima, 29, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma e sequestro. Ele manteve 16 reféns por cerca de três horas dentro do ônibus.

Nesta quinta (14), Lima passou por uma audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.

Além disso, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'ippolito acolheu pedido das advogadas Bruna Pereira Velloso e Aline Amorim Fonseca, que passaram a representar o preso, e determinou que ele seja levado para um presídio sem influência de facções criminosas.

De acordo com os depoimentos, Lima sequestrou o ônibus depois de brigar com integrantes da facção criminosa Comando Vermelho. Com medo de represálias dos traficantes, ele comprou uma passagem e pretendia ir para Juiz de Fora (MG), onde mora sua mãe.

Quando estava no ônibus na rodoviária, porém, confundiu um grupo de passageiros com policiais, e atirou contra eles. Um deles, Bruno Lima da Costa Soares, foi atingido por três tiros e está em estado grave. Uma outra pessoa foi ferida por estilhaços.

Após os disparos, Lima teria decidido sequestrar o veículo.

Paulo Sergio de Lima, 29, é levado em viatura do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) após sequestro - Divulgação/PMERJ

Durante a sessão desta quinta, o juiz afirmou que Lima "apresentou, durante esta audiência, um comportamento agressivo e desrespeitoso em relação aos policiais penais que o apresentaram". O magistrado acrescentou que os agentes não reagiram.

No total, 16 pessoas prestaram depoimento e contaram sobre o que aconteceu dentro do ônibus.

As testemunhas contaram que, após Lima atirar contra Soares, que estava próximo à escada do ônibus, os passageiros correram para os fundos do veículo e ficaram deitados. Entre eles, uma criança que viajava com a família para Juiz de Fora.

Lima, então, pegou uma mulher de 39 anos e passou a gritar que queria a presença de jornalistas. Segundo o depoimento dela, foi nesse momento que ele afirmou estar com com uma granada e ameaçou acioná-la.

Depois, pediu para ela ligar para o marido por vídeo, mas a chamada não completou. Quando viu a aproximação dos policiais, Lima teria feito disparos. Na sequência, passou a falar com os agentes por intermédio do celular dessa refém.

Ele então disse aos policiais que queria a presença da imprensa, segundo o depoimento. Ao ver que o sequestro tinha cobertura midiática, disse que iria se entregar.

Nesse momento, ainda de acordo com o relato da refém de 39 anos, ele exigiu que ela descesse na frente dele, e o protegesse com as próprias mãos. Ela, então, colocou uma mão sob o peito de Lima, outra na cabeça. Ao descerem, ele deitou no chão e entregou a arma a um sargento do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), que atuava como negociador.

No relato desse policial na delegacia, Lima teria dito que policiais civis estavam no ônibus e temia que fosse entregue ao Comando Vermelho, pois tinha trocado tiros com integrantes da facção dias antes.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com as advogadas de Lima. A jornalistas, ao sair da delegacia, ele disse: "Minha tarde foi interrompida pelos policiais. Me atrapalharam os policiais. Quatro civis disfarçados atrapalharam a minha viagem".

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