Descrição de chapéu Rio

Asfalto precário e deslizamento de rocha deixam crítica estrada Cunha-Paraty

OUTRO LADO: DER-RJ diz que monitora os serviços de conservação e que R$ 97,2 milhões estão sendo aplicados para recuperar a pista

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Reginaldo Pupo
Paraty (RJ)

Aproveitar as belas praias e ilhas de Paraty, no litoral fluminense, vem exigindo cada vez mais atenção dos motoristas que trafegam pela RJ-165, conhecida como rodovia Cunha-Paraty, que liga São Paulo ao Rio.

A via apresenta condições precárias, com falta de sinalização em trechos que oferecem riscos aos usuários. Motoristas relatam também assaltos e arrastões.

Em nota, o DER-RJ (Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro) diz que monitora os serviços de conservação da via e que vem investindo R$ 97,2 milhões para recuperar o pavimento.

detalhe de asfalto com buraco, com calota de pneu abandonada no acostamento e ao fundo trecho coberto com tela laranja no acostamento com vegetação
Asfalto precário, com deslizamento de terra e árvores em parte da pista da rodovia Cunha-Paraty, que liga São Paulo a Rio - Reginaldo Pupo/Folhapress

A RJ-165, que corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina, é a principal rodovia de acesso a Paraty para motoristas que saem da cidade de São Paulo, do Vale do Paraíba e da região sul fluminense.

No lado paulista a via começa na cidade de Guaratinguetá, passa pela estância climática de Cunha, termina em Paraty e é tida por sites especializados em turismo como uma das mais belas rodovias do país.

No total são 45 km de extensão, sendo 15 km de serra —é exatamente este trecho, no Rio, o mais problemático. Entre Guaratinguetá e Cunha (em São Paulo), embora seja de pista simples, a rodovia é bem cuidada e sinalizada.

A descida da serra, no lado Rio, exige muita atenção e habilidade dos motoristas, já que em diversos pontos é possível a passagem de um veículo por vez, nos dois sentidos. Sem visibilidade, é preciso buzinar para avisar os carros do sentido contrário. O trânsito de caminhões, carretas e ônibus é proibido.

rocha grande em acostamento de rodovia, com faixas de bloqueio e vegetação; ao fundo, homens com roupas refletoras
No início de março, uma grande rocha deslizou e atingiu parte da pista, o que deixou ainda mais perigosa a travessia - Reginaldo Pupo/Folhapress

O leito carroçável é repleto de buracos. Em todo o trecho de serra é possível observar no acostamento, nos dois sentidos, calotas que se desprendem das rodas dos veículos.

Algumas das placas de sinalização existentes ao longo do trecho de serra estão encobertas pela vegetação ou já foram consumidas pelo tempo e estão ilegíveis de dia. À noite a pintura refletiva desses equipamentos já não surte mais efeito, deixando os motoristas às cegas.

Em alguns trechos não há sinalização no asfalto, o que provoca confusão, principalmente à noite.

Além disso, os motoristas também correm o risco de cair em alguma ribanceira causada pela erosão, caso percam o controle do veículo. O DER-RJ instalou vários cerquites, espécie de redes de cor alaranjadas, para sinalizar os trechos de barrancos.

A pista estreita também é disputada com ciclistas, que precisam sair da ciclovia para desviar da vegetação e mato alto que invadiu o espaço. Muitas das lombadas existentes nos bairros cortados pela rodovia estão sem pintura.

No dia 8 de março, uma pedra gigantesca se desprendeu e rolou para o asfalto, interditando um pouco mais de meia pista da serra, no sentido Cunha, devido às constantes chuvas que atingiram a região durante aquela semana. Nenhum carro foi atingido.

Para auxiliar na liberação do tráfego, um grupo de voluntários dos dois municípios chegou até o trecho para cortar com motosserras os galhos de árvores que desceram junto com a rocha.

De acordo com Samir de Oliveira Carvalho, um dos líderes do movimento SOS Paraty-Cunha, parte da pedra ainda se encontra no local.

Desde 2018 os cerca de 70 voluntários do grupo realizam intervenções no trecho de serra, no lado fluminense, na tentativa de amenizar os problemas.

"Como o estado [do Rio] não toma providências, nós mesmos realizamos serviços de roçada, desobstrução de galerias pluviais, entre outros serviços de manutenção, para garantir a fluidez do tráfego no trecho de serra", diz Carvalho.

Segundo ele, o SOS Paraty-Cunha é mantido com doações de 300 empresários da região. "Conseguimos arrecadar uma média de R$ 10 mil mensais, que são usados no custeio da aquisição de maquinários utilizados nos serviços. Diariamente mantemos três homens realizando a manutenção do trecho de serra".

Acidentes e assaltos

O casal Marly de Freitas, 32, e Josué da Silveira Collatti, 42, de Volta Redonda (RJ), sofreu uma queda de moto enquanto subiam a serra após se desequilibrarem ao passarem por um buraco. Eles não se feriram.

"É a primeira vez que viajo de moto com meu marido e acontece isso. Ele não viu o buraco, que estava logo após uma curva. Não deu tempo de frear ou desviar", disse ela.

Moradores de Paraty recomendam aos motoristas que não trafeguem na rodovia durante o período noturno, devido ao risco de assaltos.

"A própria polícia pede para que a gente não passe por lá de noite", disse a estudante Camila Pasqualin, 21. "Meu namorado sofreu uma tentativa de assalto em dezembro passado quando subia a serra à noite, mas ele conseguiu escapar."

Em nota, o DER-RJ disse que monitora e realiza rotineiramente serviços de conservação da rodovia, como recuperação do pavimento, sinalização e roçada.

"Por ser uma área de reserva ambiental e rica em biodiversidade no entorno da via, o trecho requer mais atenção, visando a segurança não só de quem trafega no local, mas também de animais silvestres que circulam na RJ-165", diz o comunicado.

Sobre a pedra que atingiu a pista, o órgão afirmou que realizou a remoção e que a via foi liberada.

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